the impossible

Uma pequena elucidação sobre o background: hoje foi criado, oficialmente, o Clubinho das Pessoas Desesperadas Por Morar no Interior do Zaire. A facção feminina do clubinho é composta por esta que vos escreve, Fabiola e Marta, a mulher do Marc (o ítalo-americano e o sócio masculino do clubinho). Eu, carioca; Fabiola, que nasceu no interiorrrrrrrrr de São Paulo mas estudou na capital e é cidadã do mundo; Marta, que nasceu aqui no interior do Zaire mas estudou em Roma e casou com o Marc, criado em NY, of all places. Como terça-feira mulher paga menos no cinema aonde costumo ir com o Mirco há anos, decretou-se que terça-feira vai ser dia de cineminha pras moçoilas. A Marta já começou logo furando, porque a Melissa hoje acordou com diarreia E perebas várias (ninguém merece), de modo que fomos eu e Fabiola na sessão das 21:55 (que na verdade começa às 22:15 por causa dos quilômetros de trailers que mostram antes). Como vocês estão carecas de saber, eu assisto a qualquer porcaria, até filme em que a mulher acorda diva maquiada de cabelo escovado salto alto e hálito de mel. Mas a Fabiola é mais seletiva, gosta de filmes fora do circuito, umas paradas hard core iranianas, suecas, de arte, sei lá o que mais, então deixei que ela escolhesse. Pois ela escolheu The Impossible. Minhas considerações sobre o filme:

– Como é possível um casal de olhos azuis ter dois filhos de olhos castanhos? Pra quê que perdemos tanto tempo estudando aquela parada de azão/azão/azinho/azinho na escola?

– Leve lenços. Muitos. Você vai chorar e fungar terrivelmente o filme inteiro. Se puder levar um bicho de pelúcia pra apertar muito nos momentos de nervoso, leve.

– Se você tiver filhos, aconselho vivamente tomar alguma bebida alcoólica bem forte antes, em tempo de dormir logo no começo e perder o filme todo; assim você poupa os seus nervos e não fica o tempo todo elocubrando sobre o que aconteceria se fosse você numa situação dessas, que decisões tomaria, quanta dor aguentaria, quanta raça teria, o que aconteceria com seus filhos. Eu e Fabiola chegamos à conclusão de que desmaiaríamos imediatamente de nervoso e dor.

– Se você tiver estômago fraco, feche os olhinhos logo que a Maria e o Lucas saírem da água, depois do lance do colchão que aparece no trailer. A MEGA ferida na parte posterior da perna da mulher é si-nis-tra e muito bem feita, apesar de aparecer rapidinho; você vai ficar bolado(a).

– Não tenho ideia de como filmaram esse negócio, mas ficou MUITO bem feito. Tudo. As tomadas embaixo d’água, as feridas, as tomadas aéreas, tudo.

– Já se passaram 8 anos desde o tsunami, caráleo… Parece que foi ontem.

– As maiores calamidades naturais sempre pegam os mais pobres e fodidos do mundo, impressionante. Muito tocantes as tomadas de cima – aquela devastação toda é de cortar o coração. Lembro que quando aconteceu o tsunami fiquei horas em pé olhando pra televisão feito um zumbi, paralisada pela tristeza.

– O roteiro tem uma violação grave do esquema “show, don’t tell”, mas perdoei porque o resultado final ficou muito bom.

– Não exagere na cafungada no cangote nos seus filhos quando chegar em casa. Eu quase acordei a Carol.

distopias e zumbis

Outro dia admiti no Facebook que eu adoro all things zombies. Ano passado baixei, no Kindle, World War Z, que é absolutamente sensacional – uma série de entrevistas muito realistas sobre uma epidemia que transformou os seres humanos em zumbis. O outro livro do autor sobre o mesmo assunto, The Zombie Survival Guide, já não é lá grandes coisas, força um pouco a barra e tem várias piadas amarelas desnecessárias.

Meu filme preferido sobre esse assunto é, de longe, 28 days later, fenomenal, apesar do Cillian Murphy que pra mim tem uma cara de psicopata que vou te contar. Fotografia maravilhosa, roteiro excelente, várias cenas memoráveis. Altamente recomendável.

Ah, mas você não gosta de zumbis, ficção científica, ficção e coisa e tal. Não importa. O filme é ótimo com ou sem zumbis. Se preferir, substitua os zumbis por soviéticos malvados/terroristas árabes/mafiosos chineses/whatever. Mas assista, porque é muito bom. Muito bom porque é um mundo distópico muito bem aproveitado, e eu adoro uma distopia. Ótimos livros sobre o assunto são Oryx & Crake e The Year of the Flood, sobre o mesmo mundo distópico e, da mesma autora, o espetacular The Handmaid’s Tale, presente da queridíssima amiguinha eowyn. Esse último, em particular, não sei como ainda não foi transformado em filme, dado o imenso potencial estético e de roteiro. Daria um excelente filme do Guillermo del Toro. Outra distopia que li esse ano foi Wool, ótima dica do Cris Dias. Esse mundo distópico, bem original, é organizado em silos, onde as pessoas nascem, vivem, morrem e são recicladas como adubo, sem nunca saber direito como era o mundo antes dos silos, quem os inventou e construiu e por quê, o que ainda há lá fora.

Sou fascinada por distopias porque elas oferecem um leque imenso de oportunidades a serem exploradas, antropologicamente falando. Fora as coisas básicas, de nível prático, do tipo como sobreviver sem celulares, eletricidade, telefone, televisão, bibliotecas, escolas, GPS, hospitais e todas as instituições organizadas de uma sociedade estruturada, temos toda uma série de problemas típicos do ser humano quando no seu estado natural, bem Thomas Hobbes mesmo. Porque é quando o bicho pega que a gente sabe quem é quem. De modo que os dramas a serem explorados são muito intensos e interessantes; as regras mudam ou simplesmente deixam de existir quando só o que importa é sobreviver.

Desse ponto de vista, The Walking Dead está dando um show. Eu tinha visto alguns episódios no Rio esse ano, mas como não tinha pego a série no começo, não entendi nada e não achei muita graça além do fato do assunto ser zumbis. Devagarzinho estou assistindo desde o começo, e, acreditem em mim, é simplesmente uma das melhores coisas já feitas na televisão nos últimos tempos. Conflitos que em um mundo normal seriam resolvidos sem grandes problemas viram coisas enormes, escolhas de Sofia de verdade. Por exemplo: seu grupo capturou um rapaz que andava com um pessoal meio barra pesada, mas ele jura que só estava com eles pra ter mais chances de sobreviver. Ele está muito machucado em uma das pernas e não consegue andar. A fazenda onde o seu grupo está se escondendo está ameaçada por um exército de zumbis/soviéticos malvados/terroristas árabes/pés-grandes/alienígenas/Lucianos Hucks e você precisa fugir o mais rápido possível. Você não tem certeza sobre as intenções do rapaz, mas se ele for junto certamente atrasará o grupo porque 1) está com a perna fodida e 2) vai ter que ser vigiado o tempo todo. Por outro lado, ele é jovem e forte; se for um cara legal e a perna dele sarar, ele pode ser um valor agregado (lol) pro grupo. O que fazer? Deixá-lo amarrado no celeiro à espera dos zumbis? Matá-lo logo com um indolor tiro na fuça pra poupá-lo de um fim horrível nas mãos dos zumbis/soviéticos malvados/terroristas árabes/pés-grandes/alienígenas/Lucianos Hucks? Levá-lo com você? Se as duas opções preferidas pelo grupo forem as primeiras, que direito todo mundo tem de decidir o que fazer com a vida de outra pessoa? Mas, por outro lado, não existem mais juízes nem tribunais e é cada um por si. Outro exemplo: sua mulher fica grávida, e nem ela sabe se está grávida de você ou do seu melhor amigo, que achou que você estava morto e acabou virando o namorado da sua mulher. Aborta ou não aborta? É justo dar à luz uma criança nesse mundo pós-apocalíptico? Mais do que isso, é justo jogar mais esse fardo sobre os ombros do grupo, mais uma boca pra alimentar e pra proteger nesse mundo pós-apocalíptico? É justo com o seu filho mais velho, que precisa desesperadamente de orientação enquanto cresce nesse mundo pós-apocalíptico? Por outro lado, um bebê simboliza esperança, a ideia de que algumas coisa nunca vão mudar, mesmo nesse mundo pós-apocalíptico, e pessoas precisam de esperança. E agora, José, nesse mundo pós-apocalíptico?

O seriado é cheio de encruzilhadas morais assim. Às vezes a escolha feita dá certo; às vezes não. Ninguém é (só) o que parece, tudo é relativo, tudo precisa ser contextualizado. Estão aproveitando muito bem dilemas desse tipo e o elenco é FENOMENAL. O ator principal é simplesmente sensacional e merece todos os Grammys a que concorrer, porque realmente dá um show. E pensar que ele é inglês! Com seu sotaque caipira americano perfeito, deve ser parente do Hugh Laurie, que também enganou todo mundo com seu sotaque americano. Todos os outros atores são ótimos. A maquiagem dos zumbis é maravilhosa, e tão realista que alguns atores chegaram a chorar de nervoso durante a “transformação” na cadeira de maquiagem (perdi o link da entrevista). Os efeitos especiais todos são muito, muito bons. Estou adorando, e isso porque assisto meio de lado, enquanto trabalho, ou seja, perco muito dos diálogos. Vão na fé que vocês vão gostar.

***

Coisas que eu acho chatas nesses seriados: toda mulher é magra e linda e ninguém usa cabelo curto. Cara, a PRIMEIRA coisa que eu faria em caso de apocalipse, qualquer que fosse a causa, seria raspar a cabeça. Jamais conseguiria correr de zumbis/soviéticos malvados/etc com o cabelo suado colado na nuca, caindo na cara, entrando na boca. Conseguir manter a cabeça menos imunda é bem mais fácil quando os cabelos são poucos. Imagina eu correndo dos zumbis e me preocupando se vou conseguir achar condicionador na próxima farmácia abandonada que encontrar? E todo mundo usando calça jeans? Jesus, é simplesmente a roupa mais desconfortável do mundo, com aquelas costuras duras, a sua incrível capacidade de esquentar feito uma desgraça no calor e deixar as suas pernas geladas no frio, o seu peso quando molhado. De jeito nenhum! Roupa pós-apocalíptica é moletom ou legging (nesse caso as cariocas já estariam preparadas, já que esse é um dos uniformes perenes de qualquer mulher que mora no Rio de Janeiro).

Eu não sei se duraria muito num mundo desses. Não sei se aguentaria ficar imunda 24 horas por dia; juro que pra mim isso seria pior do que o pavor dos zumbis/Lucianos Hucks/alienígenas. A comida também seria um problema, lógico; lembro a alegria dos personagens quando viram uma cesta de batatas na fazenda do Hershel. “Nunca pensei que ficaria tão feliz ao rever uma batata”, diz um deles. Um mundo pós-apocalíptico é um mundo com poucos carboidratos; eu prefiriria a morte nas mãos de um Luciano Huck.

o hobbit

Quem me conhece sabe que eu sou fã de Tolkien e que já li TLotR umas 13 vezes. Tenho todos os filmes na versão extended, que já vi várias vezes, adoro. Pois segunda-feira lá fui eu sozinha ver O Hobbit no cinema Leblon, não o do shopping, aquele de rua mesmo. Fui a pé, nesse calorzão doido, pra encarar a sessão das 13:30. Além de mim, só outras três pessoas no cinema. Tirei meu micro pacotinho de M&Ms da bolsa, comprado numa Lojas Americanas no caminho, e botei os horrendos óculos 3D. Meu parecer:

– ODEIO ODEIO ODEIO ODEIO 3D. Que porre! Vejam bem, não sei se é a culpa do 3D ou dos 48 frames, mas o fato é que os efeitos especiais, embora não se tornem mal feitos, perdem muito do seu impacto. Na verdade o filme inteiro fica com aspecto de Sítio do Pica-Pau Amarelo, não sei se estou conseguindo me explicar. Muito esquisito.

– A música é muito boa (Howard Shore, baby). A balada Song of the Lonely Mountain é linda, e cantada (e hummed) pelos anões ficou mais bonita ainda.

– Os figurinos, pra variar, são tudo de bom.

– O Lindir é viado.

– O roteiro é bom, boa adaptação do texto original, o ritmo do filme ficou interessante. Tem bastante ação, e um monte de apelações e deus ex machina, mas o livro, completamente diferente do TLotR, é meio assim também, leve, cheio de gracinhas e trocadilhos e poesias irônicas, de modo que acho que o filme não fugiu muito do estilo do livro.

– O elenco é ótimo. O Ian McKellen está ve-lho, céus. Os olhos dele estão caídos estilo dacschund. Mas continua ótimo. O Bilbo está muito bom e os anões são todos ótimos, até o pitéu Kili e os bobões Bifur, Bofur e Bombur. Dos virtuais: o Gollum está meio diferente, mas sempre muito bom. O rei dos goblins é muito bem feito, embora eu ache que o seu tamanho combinasse melhor com uma voz mais retumbante. Os goblins todos, no geral, dão bem a ideia de maggots, de coisas rastejantes e infestantes, ficou bem legal.

Digamos que saí bem contente do cinema. Semana passada vi 007 e também achei muito bom. Agora quero ver Argo, que todo mundo já viu e adorou, menos eu, mas não sei quando vou conseguir. Fico tão felizinha quando vejo filmes bons, vocês nem imaginam. Quando não são dublados em italiano, então, nem se fala.

there’s no such thing as too many spiderman movies

Admito: eu adoro super-heróis. Inclusive gostaria muito de ser um. Adoraria ser mutante, mesmo que fosse só pra ter pele azul e rabo de diabo, ou algum poder inútil tipo criar bolhas coloridas no ar. Por muitos anos li vários quadrinhos de super-heróis assiduamente e ainda fico triste quando penso que nossa coleção de Homem-Aranha 2099, desde o primeiro número, foi pro beleléu, doada ou vendida pela minha mãe em algum momento desconhecido do passado. Tenho todos os Blu-Rays dos X-Men e, como toda mulher normal, acho o Wolverine um pedaço de mau caminho. Mas eu tenho um fraco pelo Homem-Aranha. Como acabei de comentar com o meu irmão, saindo do cinema depois de ver o último remake, 1) não existe, e nem nunca existirá, super-herói mais maneiro que ele, e 2) there’s no such thing as too many Spiderman movies: se todo ano fizessem um remake, todo ano iríamos assistir. Porque simplesmente ele tem a personalidade mais maneira, o background mais maneiro (e crível), os poderes mais maneiros, os inimigos mais maneiros do multiverso. Oquei, esqueçam a porcaria do terceiro filme e o Peter Parker de kajal nos olhos, por favor; estou falando do personagem dos quadrinhos. Quem conseguir imaginar um conjunto de superpoderes mais legais que os dele, me avisa, porque eu não consigo.

Dito isso, esse remake é MUITO legal. Não gostei muito do ator, que na verdade até que trabalha bem mas é feio pra dedéu, tadinho. Sempre imaginei o Peter Parker um pobre-coitado com uma certa dose de charme, enquanto que esse aqui é totalmente desprovido. Mas até que funcionou bem na tela. Magro feito uma desgraça, coisa que fica meio broxante em spandex mas faz sentido, considerando que ele é um adolescente tendendo à nerdice. Gostei muito da estética do filme: a Gwen Stacy parece saída diretamente dos quadrinhos dos anos, sei lá, 60, quando a personagem apareceu. O penteado, o arquinho preto, as botas de cano alto com saia acima dos joelhos, tá tudo lá. As poses do Aranhaaaaaaaaaaaaaa! Todas saídas dos quadrinhos, sensacionais, preciso de um poster djá. Os efeitos especiais são muito bons. Há alguns clichês, lógico; diga-me o nome de um filme americano de ação que não tenha uma contagem regressiva pro herói poder salvar o mundo no último segundo que eu te dou uma mariola de brinde, mas no geral o roteiro é bom, há muitas boas piadas e os diálogos não são necessariamente idiotas, coisa difícil de evitar quando estamos falando de lagartos que falam, adolescentes vestidos em roupas colantes e coisa e tal. Trilha sonora nhé, com o clichezão do pianinho nas cenas pós-clímax e tal, mas nada que prejudique a experiência.

Mas pelamordedeus, alguém dê uma dentadura nova pro Tio Ben porque enquanto o velho não morreu eu não conseguia pensar em outra coisa além daquela boca de fuinha dele e da dentadura de plástico que ele estava usando.

olá, bom dia, tudo bem? – só sir david salva

Fiquei longe por problemas logísticos mas já vortei.

Viciei todo mundo aqui em documentários aqui em casa. Sempre adorei, mas vamos combinar que em Blu-ray são outros quinhentos, de modo que só comecei a comprá-los recentemente. O Mirco viciou, embora não entenda tudo porque só compro em inglês, e ainda bota toda vez que vem alguém comer aqui em casa.

O negócio começou inocentemente, com o Human Planet, que descobri na Amazon através de um link do preview no YouTube que alguém postou no Facebook (já nem sei mais quem amaldiçoar nessa história, pois o fato é que esse episódio iniciou uma bola de neve de esvaziamento de conta corrente).

Se você ainda não viu, interrompa o que quer que você estiver fazendo agora e vá comprar. AGORA.

Mais recentemente saiu o amiguinho dele, o Frozen Planet, que também é maravilhoso.

E acabei comprando também esse, esse, esse, esse, esse, esse

O que a maioria desses DVDs têm em comum é a narração, quando não a apresentação, de Sir David Attenborough, que é a coisa mais fofa do universo. Outra característica de todos esses é que a qualidade das imagens, feitas com novas técnicas de filmagem, é de assustar, de babar, de ajoelhar e chorar de emoção. E outra ainda é que estão muito longe de serem os clássicos documentários com guepardo caçando/urso polar fofinho/pinguim rebolando/camaleão mudando de cor. Tem tudo isso, sim, mas de um jeito diferente de tudo o que você já viu, sob um enfoque muito diferente, com várias coisas nunca captadas em filme antes, comportamentos bizarros antes desconhecidos e coisa e tal. Eu já vi todos várias vezes e nunca me canso. O Human Planet, em particular, que fala de gente e não de bicho ou planta, é absolutamente sensacional. Aqui em casa usamos como educador dos nossos amigos “pangarés”, como diz a Fabiola, que nada sabem de coisa nenhuma, pra mostrar que em outros lugares do mundo as pessoas vivem de maneiras radicalmente diferentes do que nós estamos acostumados, e passam muito bem, obrigada.

Falando de seres humanos, tenho esse aqui também (ainda não tinha em Blu-ray quando comprei), que é antigo mas BEM interessante. Uma senhora aula de história bem diferente do que estamos acostumados a ver, com enfoque na arte. E esse outro, que fala dos primórdios da civilização, também muito bom.

Criamos uma nova rotina, eu e a Carol: a soneca depois do almoço não é mais na cama, até porque normalmente eu vou pro escritório onde ela dorme, pra trabalhar enquanto ela tira a sonequinha dela. Deitamos no sofá da sala – ela em cima de mim; ainda bem que é magrela – e botamos um documentário qualquer. Ela consegue ver uns 10 minutos e depois capota (um dia vou entender por qual motivo a soneca da tarde é tão simples e o sono à noite tão complicado); eu vejo o resto do episódio, levanto com cuidado, boto uma cadeira colada no sofá pra ela não cair e vou trabalhar. Adoro.

real steel ou o efeito avatar

Ontem fomos ao cinema, coisa que não fazíamos há MOITO tempo (ir ver Happy Feet 2 com um monte de crianças mal educadas não conta, néam). Vimos Real Steel, por sugestão minha – primeiro porque tem aquele pão do Hugh Jackson, segundo porque tem robôs boxeadores :-)

Vou logo avisando: o filme é uma merda. Parece que pegaram todos os clichês hollywoodianos desde a idade das cavernas, misturaram e salpicaram sobre o roteiro. Cada frase, cada lágrima, cada nota musical da trilha sonora é absolutamente previsível já desde os primeiros trinta segundos do filme. Mas, cacetes estrelados, os robôs são MUITO maneiros! Bem feitos pra cacete! Em momento nenhum sequer passa pela sua cabeça o fato de que você está vendo um belo de um CGI. Saí de lá com o mesmo nível de raiva que me deu quando fui ver Avatar (procurem o post na categoria “pipoca” porque estou com preguiça): uma tecnologia absolutamente phoda, um tema original que poderia ter dado uma história diferentaça, mas nãaaaaao… Prefere-se sempre tratar o espectador como retardado (vamos combinar que a maioria é mesmo) e juntar todos os chavões no mesmo filme, do filho não reconhecido ao amor reencontrado, com uma pitada de superação, um pouco de violência bem calculada, uma criança gênio que por acaso gosta da mesma coisa que o pai que ele nem conhecia, uma bonitona que se apaixona novamente pelo mocinho anti-herói… Que tédio.

Mas os robôs são maneiros. Quando sair em DVD vão lá ver se eu não tenho razão.

avatar

Finalmente consegui ver Avatar, tipo depois de todas as pessoas do planeta. Moreno me emprestou o Blu-Ray e vi sozinha em casa, num dia em que a Carol tava na Arianna e eu precisava MUITO de uma tarde de ócio.

Decepção total. Veja bem, o visual é realmente fenomenal, os caras fizeram um trabalho espetacular, os bichos são maneiríssimos e coisa e tal, mas, putz… O roteiro. O roteiro matou o filme. A palhaçada inicial com o lance dos Marines já me irrita, sabe, essa coisa do militar americano que eu acho o horror dos horrores e tal. Mas quando aparece o comandante ou sargento ou sei lá o que com aquele sotaque de redneck, bronzeado, falando em gíria militar, cheio de cicatrizes de batalhas passadas e, a gota d’água, A PORRA DA CANECA DE CAFÉ ETERNAMENTE NA MÃO, eu quase desliguei a televisão. Que ódio! Que ódiooooo! Tanta tecnologia, tantos anos, tanto esforço, tanto dinheiro jogado no lixo! Com um roteiro maneiro, ou pelo menos não idiota, teria saído um filmaço-aço-aço, mas não. Que ódiooooo! Lógico que a coisa foi só piorando, aquela coisa do bom selvagem, do civilizado que se deixa civilizar pelos bárbaros, blah blah blah. Merda de desperdício de gráfica foda (a única cena que realmente achei ridícula foi aquela dos n’avi sentados no chão naquele ritual místico-religioso-babacóide deles, porque ficou parecendo ala coreografada de escola de samba, sei lá).

Enfim, o fato é que tem muito tempo que não vejo um filme decente. Só conseguimos ir ao cinema aos domingos, quando deixamos a Carol à tarde na Arianna, mas se só tem porcaria pra ver, não resolve muito. Achei Solomon Kane uma merda (jesus, quem é aquele ator canastrão? Socorro!). Adoramos O Segredo de Seus Olhos, mas tive que insistir muito porque o pessoal queria ver uma porcaria dessas comédias pastelão italianas que me dão instintos homicidas. Ainda não consegui arrastar ninguém pra ver Toy Story 3, mas também não sei se quero ver em italiano, sinceramente… Só me resta ficar re-re-re-re-re-re-re-re-revendo os que a Carol adora, Cinderela, Toy Story 2 e Shrek (a trip do Aladdin aparentemente passou).

os vampiros

Moreno me emprestou Twilight e New Moon em Blu-Ray, insistindo que eu os visse porque achava que eu iria gostar.

Olha… Tem muitos anos que eu não vejo dois filmes tão idiotas. Espero de verdade que os filmes tenham ficado muito aquém dos livros, porque tem tanta gente boa que eu conheço que gostou dos livros que me recuso a acreditar que sejam tão ruins e estúpidos assim. Festival dos clichês, anyone?

A Coisa Irritante Número Um são os cabelos amarelo-Cheetos dos vampiros louros. Queísso, gente? Ter cabelo amarelo com cara de peruca de plástico é efeito colateral de vampirice? Faz favor, né!

Coisa Irritante Número Dois: a Bella. Meldels, que garota cha-ta! Chata, chata, chata de marré deci! Não tendo lido os livros, não sei se a personagem é assim mesmo ou se é a atriz que é um horror, mas o fato é que achei a garota chata, com aqueles olhos caídos, a boca eternamente aberta, toda a graça e entusiasmo de uma batata cozida e a expressividade do cigano Igor, a falta de personalidade, a falta de interesse geral. A larica do vampiro devia estar feia mesmo pra ele se apaixonar por aquela coisa.

Coisa Irritante Número Três: os diálogos 100% chavão. “Não consigo imaginar a minha vida sem você”. Vômito.

Coisa Irritante Número Quatro: o Jake. Se você achava que só a Globo era capaz de transformar caras-de-pobre feito o José Mayer em galã, se enganou. Com essa nareba de Jackson Antunes antes da cirurgia, meu filho, você pra mim só vai ser galã quando todos os homens do mundo morrerem de autocombustão.

Coisa Irritante Número Cinco: esse lance da pele brilhante quando os vampiros se expõem ao sol. Hein? Num mundo como o nosso, onde ninguém nem olha duas vezes pra punks, megatatuados, gente com piercing no cu, gordas de biquini na praia, alguém sinceramente acharia uma coisa estapafúrdia um muchacho coberto de glitter?

Coisa Irritante Número Seis: o excesso de clichés nos roteiros. O vampiro que finge não gostar mais dela de um dia pro outro pra salvá-la e ela acreditar; ela que finge que está puta com o pai pra poder fugir de casa e salvá-lo e ele que acredita; a história toda dos lobisomens; a mãe pseudomaluquinha; o vampiro rasta. Ai meus sais…

Os efeitos especiais do primeiro filme são uma merda; os do segundo, um pouco melhores. As sobrancelhas da Bella estão melhores no segundo filme. Cada vez que vejo o Jasper fico com vontade de bater nele; tudo nele me irrita, a começar pelo nome (e pelo cabelo).

A única coisa legal que eu vi foi o lance da “instalação” com os chapéus de formatura (tenho certeza que eles têm algum nome específico mas estou com preguiça de procurar) na parede da casa dos vampiros. Criativo.

E pensar que neguinho faz fila pra ver essas merdas. O mundo anda me irritando deveras ultimamente.

iron man 2

Aproveitamos o domingo lerdo pra deixar a Carol na Arianna e ir ao cinema, coisa que não fazíamos desde que ela nasceu. Fomos a Foligno, na sessão das 4 pra voltar cedo, e estávamos animadíssimos porque o primeiro Iron Man é absolutamente sensacional – tenho o DVD e já revi um zilhão de vezes, it’s that good.

Que desperdício de filme, pelamordedarwin. Roteiro sem pé nem cabeça. Mickey Rourke fazendo o mesmo papel que fez em The Wrestler, só que com dentes de ouro, e mesmo assim hipermal aproveitado. Pepper completamente esquecida. Samuel L. Jackson como Nick Fury e a S. Johanssen como a sua ajudante (cujo nome não entendi) totalmente sem sentido, sem nenhuma explicação, background ou diálogos inteligentes. Nem vou comentar o cabelo efeito Jucileyde-que-usa-litros-de-leave-in-pra-realçar-os-cachos da coitada da Johanssen, que emagreceu mas continua com bundão. Don Cheadle desperdiçadíssimo. Sim, os efeitos especiais são foda (ele bêbado dançando de armadura é o ó, puro molejo), a armadura dele é tudo na vida e eu também quero, mas o filme é uma MERDA. Saí do cinema irritadíssima porque poderia ter sido um filmaço e não foi. Gostaria de saber que curso de merdificação de filmes esses diretores fazem antes de filmar os sequels, puta que me pariu.