guerre stellari

Hoje foi feriado (dia da República) e aproveitamos o dia bonito mas não excessivamente quente pra dar uma passeada. Moreno estava aqui por perto e passou pra pegar uns negocinhos pra tapar os ouvidos. O pai tem um terreno perto de casa, onde planta videiras, batatas e outras coisinhas, e o dono do terreno vizinho às vezes se faz de desentendido e planta milho até dentro do terreno dele. Cansados de reclamar, resolveram fazer uma cerca. Pra fazer a cerca, precisa cavar buracos profundos, mas máquina esburacadeira faz um barulho danado e Moreno cismou que queria os negocinhos pros ouvidos. Aproveitamos que ele ia a Santa Maria e pegamos uma carona. Do terreno à casa da Arianna deve ser um quilômetro e meio, que fizemos a pé, admirando as belas casas da zona. Ainda demos mais uma volta com o Leguinho depois, pra distrair o coitado enquanto o Ettore não voltava da consulta pós-operatória. Meu carro e a lambreta estavam lá desde o início da semana, e aproveitamos pra trazê-los de volta pra casa. Almoçamos tagliatelle com molho de ganso e enquanto o Mirco chapou no sofá aproveitei pra terminar uma tradução chata.

Acabei dormindo também e quando acordamos já tava no final da tarde, e as provas de som pra festa aqui embaixo já tavam começando. Fomos ao cinema em Foligno, que é mais barato e mais tranqüilo, ver, finalmente, o último Star Wars.

O cinema tava vazio, como sempre. Em Foligno não há shopping center e os cinemas são de rua, de instalações modernas mas em prédios antigos, e aí neguinho não vai. Melhor pra gente, que não gosta de farofada.

Eu gostei do filme. Muito. Preciso rever todos os outros mais uma vez, pra entender detalhezinhos que me escaparam, mas achei muito maneiro. Nem vou comentar a canastrice do Anakin porque a Igor-ciganice dele é tão óbvia que nem vale a pena. Nem vou falar dos figurinos também, porque vocês tão carecas de saber que eu a-do-ro essas coisas. Vou reclamar é da dublagem/tradução italiana. Porque aqui Darth Vader virou Darth Fenner (com direito aos dois enes pronunciados comme il faut). Leia virou Leyla. Chewbacca virou Chewbecca. E Jedi, pasmem, se pronúncia djédi. Fora esses pequenos detalhes broxantes, me diverti muito. Jantamos no chinês ali perto e estávamos tão cansados da semana pesada que nem nos incomodamos com a música chata da festa, capotamos assim mesmo.

reino dos céus

Dia das mães aqui não é essa badalação toda como no Brasil. Como além disso a mãe do Mirco não tá nem aí pra coisa nenhuma, muito menos pro dia das mães, almoçamos lá ontem como almoçamos praticamente todos os domingos, e depois tocamos diretamente pro cinema. Chegamos tão cedo que ainda tava tudo fechado, coisa que nunca tínhamos visto antes. Como eu não tinha comido quase nada no almoço, por causa de uma coisa desagradável na TV que me revirou o estômago, acabamos indo tomar um sorvetinho básico antes do filme começar, inclusive como parte da preparação psicológica pro filme.

Porque eu não segui o conselho do meu irmão, que é um amor mas tem gostos cinematográficos completamente diferentes dos meus. E lá fomos nós ver Kingdom of Heaven, que aqui foi traduzido como As Cruzadas.

Tenho que concordar com a Mary em alguns pontos: o filme é bem produzido, bonito às pampas de se ver. Os figurinos são leeeendos, coisa que já havia notado n’O Gladiador – os brincos e tecidos são enlouquecedores. As paisagens são lindas, os cenários deslumbrantes, as cenas de guerra são maneiras, apesar de idênticas às d’O Gladiador. Mas pára por aí. Porque fora tudo isso o filme é UMA BOSTA. Que roteiro é esse, sem pé nem cabeça, com diálogos de meia frase por cabeça? Em um segundo o cara é ferreiro viúvo na França, no segundo seguinte descobre que é filho do fulano, no outro segundo está a caminho da Sicília, e meio segundo depois já está em Jerusalém, como se fosse assim, ele mora na Vinícius de Morais e quer chegar no Jardim de Alá, sabe, pertíssimo? Que raio de ritmo maluco é esse? Teria sido mais negócio botar tudo isso em flashback e começar o filme com o Orlandinho já dando espadada a torto e a direito em Jerusa. Do jeito que ficou, demora séculos pra engrenar, e muito pouco faz sentido.

E falando em Orlandinho… Até que ficou melhorzinho de cabelo comprido e barba, mas, convenhamos, vai interpretar mal assim na Maria do Bairro. Ainda bem que, com esse roteiro maluco, ele quase não fala nada. Melhor assim.

O melhor do filme é, definitivamente, uma fala do Orlandinho, quando o feladaputa bispo da cidade propõe que eles se convertam ao islamismo pra se salvar:

– O senhor me ensinou muitas coisas sobre a igreja, seu bispo.

Amém.

bigodim

Falei que fomos ver A Queda semana passada? Fomos no Teatro Pavone, em Perugia, que era um teatro e hoje funciona praticamente só como cinema, inclusive com sessões em língua original, em parceria com a Universidade para Estrangeiros da cidade. É incrivelmente desconfortável, mas tem o charme que só um teatro antigo tem, e ainda por cima fica no centro de Perugia, que é uma cidade deslumbrante.

Eu normalmente DE-TES-TO o assunto II Guerra. Por n motivos que não importam agora. Mas cismei que queria ver esse filme, e não me arrependi. Achei o elenco muito bom, e a escolha de não abordar a história, as causas, as filosofias da guerra foi acertadíssima. O filme é ótimo, muito realista, bem feito, a produção é acurada. Sai da mesmice dos filmes sobre esse assunto, definitivamente. Recomendo.

jump

Eu cheguei a contar que vimos Alexander semana passada? Já sabíamos que seria uma bela bosta; qualquer filme cujo protagonista tenha cabelos à la Van Halen não pode dar em nada de bom. Mas nós adoramos esses filmões épicos (que aqui se chamam kolossal, sílaba tônica ko), e o Mirco nem dormiu. Eu babei, como sempre, no figurino, nos tecidos, nas espadas, nas armaduras. Também gosto de cenas de guerra pré-pólvera, qualquer uma, até mal feita, desde que eu não veja nenhum cavalo (e, nesse caso, também camelos – ou dromedários? Não lembro – e elefantes) sofrendo. Pra não falar nas risadas que eu dava quando rolava um sentimento entre o Alex e Hefestinho, e a galera fazia hmmmmmmmm! Ah, gente, são essas bobeiras que dão sentido à vida, né não?

eca

Fomos ver Birth com o Moreno ontem à tarde. Cinema vazio, nada de fila, aaaaah, maravilha!

Pena que o filme é um porre. UM PORRE. A história até que não é das piores, mas a mão do diretor é pesada demais. O filme é totalmente feito de coisas que eu abomino em cinema:

. Diálogos cheios de pausas longuíssimas e absolutamente inexistentes na vida real. Olhares podem ser expressivos, mas definitivamente não são capazes de manter diálogos complicados.
. Pessoas paradas olhando mudas pra algo que não tem nada a ver com nada, por horas a fio, algo também inexistente na vida real.
. Diálogos com perguntas não-respondidas, sem que alguém se irrite com isso. Tipo:
– O que é isso?

– O que é isso?

[No que uma pessoa normal começaria a chacoalhar o interlocutor não-respondente]

. Cenas overdramáticas e ridiculamente teatrais que só vão fazer sentido no final do filme.
. Situações absurdas que todo mundo acha normal. Tipo: casal novaiorquino cheio da grana acha normal que um menino desconhecido entre em casa e peça pra falar com a patroa a sós, na cozinha. Ora, por favor!
. Atuações ridículas aduladas pela imprensa. Quem foi que disse que o garoto que faz o Sean “deu um banho de interpretação”? Ficar parado sério olhando pro nada não é difícil, especialmente pra americanos, que normalmente nascem com aquele bloqueio total dos músculos da expressão facial.

Caraca, que ódio, que filme lento, que filme chato! Que vestidos LINDOS os da Nicole Kidman! Filme chato me deixa de péssimo humor.

**

Como o grande lance aqui é o almoço do dia 25 e não o jantar do dia 24, fomos comer no restaurante chinês de Ponte San Giovanni na volta do cinema. Moreno nunca tinha comido chinês, mas detonou o arroz cantonês e o frango com amêndoas. Acabamos indo dormir cedo, mentalmente cansados de tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo na família e profissionalmente. Hoje tem o maldito almoço na Arianna, distribuição de presentes ridículos e coisa e tal. Ainda bem que o Mirco já decidiu que logo depois do almoço vamos cair fora. Não vamos ao cinema à tarde porque já vimos tudo o que está em cartaz. Provavelmente vai rolar um DVD em casa mesmo. Acho ótimo.

hmpf

Fomos ver National Treasure, aquele com Nicholas Cage. Cara, na boa, há anos eu não via um filme tão idiota. O filme chato! Fora os cliches interminaveis, a história é idiota, o roteiro trata o espectador como retardado mental, e o elenco é uma bela bosta. Odiei.

Já tava tarde pra jantar fora quando voltamos de Foligno, então pegamos Spiderman 2 pra ver em casa. Gostei, mas não achei isso tudo que falavam não. Achei meio assim… Meio mais ou menos, sei lá. Faltou alguma coisa que não sei o que é.

doh!

Fomos ver Donnie Darko em Foligno. Não entendi nada. Tudo bem que levamos horas pra estacionar e acabamos perdendo o início, mas mesmo assim achamos que nada fez sentido. Alguém me explica?

hm

Fomos ver Starsky & Hutch. Juram que isso passava no Brasil? Eu não lembro.

Achei… Achei meio mais ou menos. Há alguns momentos-risada, e o Snoop Dog é QUALQUER COISAAAAAAAAA, mas no geral é decepcionante. Achei que eu fosse morrer de tanto rir, mas foram só risadinhas assim meio de lado, sabe.

troy

Eu nem falei, mas semana passada fomos ver Troy. Achei tudo muito divertido, a começar do nome do filme, que não foi traduzido pra Troia porque troia, em italiano, quer dizer piranha – e não estou falando do peixe amazônico. Hohoho.

Não, falando sério: o filme é descaradamente ridículo, mas não por isso menos gostável. Eu adoro essas tranqueiras, filmes épicos, kolossals e porcarias do gênero. Então vamos aos prós e contras:

Adorei:
. Os figurinos das mulheres. Tecidos lindos, penteados legais, brincos ma-ra-vi-lho-sos. E a Helena? Não sei como se chama, mas a garota é linda mesmo…
. As armaduras, até aquelas que deveriam ser de couro mas tinham toda a pinta de borracha.
. As locações externas. As gravações começaram no Marrocos, mas depois, por motivos de segurança, foram transferidas não lembro pra onde…
. O cavalo de Tróia, lindo! Talvez meio modernoso demais, mas eu adorei.
. Os barcos, deliciosos.
. As cenas de batalha, bem razoáveis. Já comentei aqui várias vezes que eu adoro cena de batalha, desde que seja pré-pólvora. Tiro não é comigo. Só que eu acabo morrendo de pena dos cavalos, que se ferram sempre nesses casos, e no final das contas nem curto muito…

Odiei:
. Os diálogos. No comments pra esse roteiro.
. As roupinhas dos homens, todas de barriga de fora. Olha, todos os arqueólogos do mundo podem vir me dizer que era assim mesmo, que era suuuper na moda na Antiguidade, mas eu não acredito. Uma coisa assim tão ridícula não pode ter sido considerada normal, em nenhum período da história da humanidade. Homem de top não, não, não, não. Por favor.
. As roupitchas tie-dye. Please.
. Os cabelos amarelos do Brad Pitt. Tadinho, não acho que ele seja grandes coisas em termos de beleza (e com certeza tem as ventas mais feias do cinema americano) mas como ator até que funciona. A cara de tacho dele durante a conversa com o rei Príamo foi bem convincente. E também gostei dele em Ocean’s Eleven e Fight Club. Mas cabelo oxigenado não, não, não, não.
. As cuecas, que não deveriam estar lá. Por puro preciosismo histórico, naturalmente.
. O Hulk-Ettore. De barba até que ficou melhor, deu mais volume ao queixo e consequentemente mais cara de macho, mas não sei se é aquele leve estrabismo que lhe dá um jeito de panaca que não me convence, não tem jeito.
. As locações internas. Cada templo mais feio que o outro! O que era aquela estátua de fibra de vidro pintada de dourado, representando Apolo em frente ao templo? Os deuses sempre gordos nas estátuas, não gostei não.
. Aquiles garanhão, pegando todas. Na boa, ele não era viado?

Tô querendo ver Harry Potter, mas ainda não tivemos coragem de enfrentar as hordas de peruginos-sem-coisa-melhor-pra-fazer-do-que-ir-ao-cinema-no-domingo.

Ah, e ontem aproveitamos o tiquinho de sol pra ir ao Subasio com os cachorros. Tenho só que subir as fotos. Vocês vão ver, entre outras coisas, O Cachorro de Língua Gigante. Leia-se Legolas depois de ir buscar a bolinha 4.259.856,74 vezes.

Estou vendo o segundo e último capítulo de Nerone (Nero, em italiano), microssérie de produção americana, penso, com alguns atores italianos infiltrados. Sempre vejo essas porcarias porque adoro figurino de época, mas nem sempre é bom negócio. Por exemplo: até onde eu sei, Nero era uma bicha louca, não sei se mais bicha que louca ou mais louca que bicha, e mau que nem pica-pau. Nessa série ele é bonzinho, tem um corte de cabelo super moderno, defende a plebe, salva gladiadores da morte, casa por amor, tem remorsos e escrúpulos. Será que a irritação de ver essas incongruências históricas é compensada por meia dúzia de armaduras legais, tecidos deslumbrantes e brocados fabulosos? Sei não.