A palavra em português que faz falta em outras línguas do dia é: CAPRICHAR
O false friend do dia é: DISPENSA (em italiano quer dizer “apostila”)
A palavra maravilhosamente útil em italiano dia dia é: SCOMBUSSOLARE (confundir as ideias, embananar)
A palavra em português que faz falta em outras línguas do dia é: CAPRICHAR
O false friend do dia é: DISPENSA (em italiano quer dizer “apostila”)
A palavra maravilhosamente útil em italiano dia dia é: SCOMBUSSOLARE (confundir as ideias, embananar)
A pedidos, vamos lá que não é difícil.
Vou começar com o primeiro link que achei googlando “crase”, com uma explicação bem fácil e simples. Depois vamos pros exercícios.
Eu sinceramente não entendo a dificuldade que as pessoas têm (esse circunflexo sumiu, né? Mas eu gosto tanto que vou deixar ele aí) com a crase. Há casos realmente difíceis, com verbos estranhos que ninguém nunca usa, mas normalmente esses são reservados às provas de português em concursos públicos. Nem em vestibular aparecem casos particularmente cabeludos, que eu saiba. A crase do dia-a-dia é bem fácil de usar. Mas pra saber usar tem que entender.
A crase não é o nome do acento, mas sim o nome do fenômeno, digamos assim. É o nome do encontro de um “a” preposição com um “a” artigo ou pronome FEMININOOOOOOOOO (não precisa lembrar dos nomes das funções gramaticais, mas tem que lembrar da formulinha: a + a = à, e principalmente tem que lembrar que é só no feminino, hein!). O nome do acento é simplesmente grave. Ou seja, o acento grave marca os casos de crase.
Agora que estou pensando melhor no assunto, acho que a dificuldade das pessoas vem do fato de que nós quase sempre usamos “para” ou “em” em vez de “a” – quase todo mundo fala “ir pra praia”, “ir no médico”, “dar pra ela” etc. Então na verdade o problema é saber quando é que um verbo precisa da preposição “a”, já que a gente quase sempre substitui com outra preposição…
Teste!
Complete com à ou a. Amanhã daremos as respostas.
– Vai ___ merda!
– Foi ___ roça, perdeu a carroça.
– Uma pulga na balança/deu um pulo, foi ___ França
– Eu disse ___ ela não… lalalala…
– Tuberculose ___ esclarecer (essa frase escrita errada era o que eu mais corrigia nos prontuários na faculdade…)
– Bife ___ milanesa
– Nada ___ ver
– Quem tem boca vai ___ Roma
P.S.: Na dúvida, não use a crase. Imagine que você está escrevendo esse post e tenha dúvidas quanto à crase ou não de “a pedidos”. Ou pesquise no Google ou não use. Na boa. Crase no lugar errado dói nos zoinho.
Deixa eu tentar explicar a atual situação política aqui na Itália.
O Berlusconi está no poder há 15 anos, de maneira intermitente mas sempre presente. Cheio da grana, dono de metade da imprensa italiana, de universidades, de lojas de departamentos, de time de futebol, de editoras, de bancos, é lógico que ele não só moldou as leis do país de acordo com os seus interesses, mas moldou também as mentes do povão, porque a televisão mostra o que ele quer, as editoras publicam o que ele quer, as universidades ensinam o que ele quer, os jornais dizem o que ele quer. De modo que criou-se assim uma geração inteira de idiotas que realmente acham o cara o máximo, superengraçado, garanhão que come todas, pelo qual as moças novinhas, puras e inocentes se apaixonam pelo simples fato dele ser uma pessoa fascinante. É essa a resposta à pergunta que muitos jornais estrangeiros vinham se fazendo nesses anos todos: por que diabos a Itália atura esse traste?
A esquerda italiana não é mais a mesma, há muito tempo. Os políticos de esquerda são confusos, em cima do muro, e tão escravinhos da Igreja quanto a direita. Pra mim a única que merece respeito é a Emma Bonino, que sempre tem ideias claras e ponderadas, e é coerente consigo mesma. Também gosto do Tonino, mas ele tende a criar caso de uma maneira bobinha, quase infantil, o que acaba não resolvendo as coisas e transformando-o quase em um personagem de folclore. E então acaba-se não tendo pra onde fugir. Eu não tenho direito a voto, mas se tivesse sinceramente não saberia em quem votar.
Esse Mario Monti que assumiu no lugar do Berlusconi é um ilustre desconhecido aqui na Itália. Olha, eu moro aqui há quase dez anos, acompanho a política de perto porque acho tão surreal que chega a ser interessante, os políticos toda hora aparecem na televisão, em entrevistas, em programas de debate, em programas de auditório; as caras costumam ser sempre as mesmas, mas do Monti eu nunca tinha ouvido falar. Ninguém que eu conheço tinha ouvido falar dele antes da sua nomeação como senador vitalício (25.000 euros por mês de salário) e depois como premier. E olha que o cara tem um nome fácil de lembrar: nome e sobrenome com aliteração (coisa que eu detesto e portanto fica me irritando por horas a fio), parecido com Marisa Monte, e, principalmente, porque a locução adjetiva “mari e monti” (mares e montes) se usa pra descrever pratos que combinam frutos do mar e cogumelos – tipo risotto mari e monti, tagliatelle mari e monti. De modo que se digo que nunca tinha ouvido falar dele antes é porque realmente nunca tinha sequer ouvido o nome, ou me lembraria. O cara é um frequentador dos altos escalões no mundo da economia e é muito respeitado lá fora, o que já é uma grande coisa, principalmente pra quem vem do trauma que é ter aquela COISA como premier, sacaneado no mundo inteiro. Mas também é óbvio que os interesses dele são os mesmos dos bancos e das bolsas de valores e do mundo das finanças, o que pode ser bom a curto prazo, pois o objetivo imediato é tirar a bunda do país da reta pra evitar que acabemos como a coitada da Grécia. A longo prazo a ideia é péssima, mas como espera-se que esse governo seja apenas provisório, há esperanças.
O mandato do psiconano (psico-anão, como o Cavaliere é gentilmente conhecido nos fóruns na rede) deveria acabar em 2013; o governo Monti é, então, uma espécie de tapa-buraco, de remendo, de band-aid de emergência. E trata-se de um governo “técnico”, como eles dizem aqui: formado não por políticos, mas por professores, economistas, profissionais apartidários (pelo menos em teoria) cujo objetivo é tirar o país da merda e não fazer política. Só que nem tudo são flores…
Quem estava esperando uma política ligeiramente mais laica, ligeiramente menos submissa à Igreja, literalmente se fodeu. Porque os novos ministros incluem o presidente de um movimento eclesiástico como Ministro da Cooperação, o reitor da Universidade Católica de Roma como Ministro dos Bens Culturais, um professor da mesma universidade como Ministro das Relações com o Parlamento, o líder de outro movimento eclesiástico como Ministro da Saúde (tem como dar certo isso?), entre outros. O Cardeal Bagnasco, presidente da Conferência Episcopal Italiana e um grandíssimo, IMENSO FILHO DA PUTA, arrogante, mal educado, cara-de-pau, mentiroso, falso, desgraçado, já mandou recadinho pro novo premier dizendo-se satisfeito com as escolhas. Por que diabos um filho da puta de um cardeal, que aliás já deu declarações na televisão dizendo que a Igreja não faz política, imagina, se acha no direito de aprovar essa ou aquela equipe de ministros is beyond me. Esse país anda me cansando uma quantidade.
Veja se não tenho motivo pra me irritar: a última gracinha do governo do psiconano, coisa assim, de rabeira, pra sacanear mesmo, foi dificultar mais ainda a fecundação heteróloga na Itália. Neguinho que precisa fazer fecundação artificial já tende a ir pro exterior porque aqui as dificuldades são muitas, mas agora ficou pior ainda: mesmo quem tem doenças genéticas graves como fibrose cística não pode mais fazer fecundação heteróloga. Ou seja, ou você usa ou seu próprio óvulo/espermatozóide e enfrenta o grande risco de passar pro seu filho a sua doença, ou fica sem filho e azar o seu. Legal, né. Talk about livre arbítrio. Livre arbítrio my ass. Isso porque, apesar do aborto ser permitido legalmente no país, aqui rola uma coisa chamada “objeção de consciência”. Significa simplesmente isso: um médico pode se recusar a fazer isso ou aquilo se o tal procedimento ou conduta for contra os seus preceitos religiosos, ou a sua consciência. Cuma? Isso mesmo que você ouviu. Há hospitais onde é praticamente impossível abortar porque TODOS os ginecologistas se declaram “obiettori di coscienza” e se recusam a fazer o procedimento. Ora, façam-me o favor! O aborto é legal há não sei quantos anos, se você se formou quando a lei já estava em vigor, por que não foi fazer oftalmo em vez de uma especialidade da qual o aborto faz parte como procedimento médico? Não preciso nem comentar que muitos desses médicos que se declaram obiettori di coscienza e se recusam a fazer o aborto no hospital público oferecem à paciente a possibilidade de fazê-lo no próprio consultório particular, a cifras módicas. Forca pra todos eles, forca, flagelação em público, cicuta, esses filhos da puta têm mais é que morrer. Se tem coisa que me dá ganas de estrangular é a hipocrisia.
Continuando no assunto Vaticália, fiquem sabendo (porque quase ninguém sabe) que atualmente a carga horária de IRC (“insegnamento di religione cattolica” – vejam bem, não “religião”, mas “ensino da religião CATÓLICA”) é de duas horas por semana já a partir DA CRECHEEEEEEE! Teocracia? Nããããããão, impressão sua… A Carol só não faz religião porque estuda em escola particular e totalmente laica. Teoricamente essa hora de religião deveria ser opcional, só pros alunos cujos pais fazem a requisição formal à escola, mas na prática é o contrário: se você não quer que o seu filho faça religião tem que fazer a requisição de “hora alternativa” (alternativa à hora de ensino de religião católica), só que as escolas não têm dinheiro, pessoal ou estrutura pra fazer a tal hora alternativa e as crianças que não fazem religião normalmente ficam sozinhos numa sala de aula sem fazer nada, ou brincando no pátio. Gostaram? Agora vamos jogar sal na ferida: quem escolhe os professores de religião é o bispo de cada bispado, mas os professores são pagos pelo Estado! Mais: eles têm uma imensa facilidade em fazer carreira, escolher o lugar pra onde querem se transferir, os horários nos quais preferem trabalhar, e ainda por cima passam da situação de contrato precário direto pra professor assistente, com posição inabalável de funcionário público, em um bater de olhos, enquanto que há professores das outras matérias que passam a vida inteira como precários, sem nunca saber se vão acordar no dia seguinte ainda com emprego.
Bom, a esperança é a última que morre e coisa e tal, portanto vamos esperar pra ver que bicho que vai dar esse novo governo.
P.S.: Viram que abri a caixa de comentários? (Valeu, Claudinha!) Por favor comportem-se. E o primeiro que escrever “à Roma” vai levar uma trauletada.
Eu queria fazer uma plástica nesse blog aqui. Nem digo tanto mudar a cara dele, porque já começa a dar trabalho demais e sou preguiçosa, mas eu queria fazer duas coisas: atualizar o WordPress e abrir a caixa de comentários (em caráter experimental, vou logo avisando). Só que não sei fazer nem uma coisa, nem outra: pra fazer a atualização primeiro é preciso fazer o backup, e as instruções pro backup devem estar em islandês antigo porque eu não entendo bissolutamente nada. E também não sei como fazer pra abrir os comentários.
Quem tiver saco e tempo pra me ajudar, agradeço. Senão, continuaremos com a programação normal.
O Benny postou sobre os EUA essa semana. Concordo com absolutamente tudo o que ele disse, mas tenho que adicionar um porém: não existe país no mundo melhor pra se viajar do que os EUA. Porque TUDO é feito pra famílias e crianças, e porque a eficiência deles chega a dar medo, principalmente pra quem sai dessa zona que é a Itália. Aqui você praticamente tem que usar um megafone pra pedir um cadeirão pras crianças, e se o restaurante estiver cheio pode apostar que não vai ter pra todos, mesmo em restaurantes teoricamente mais direcionados pra crianças (como o napolitano onde vamos frequentemente porque tem um pula-pula gigante pros rebentos pularem enquanto os adultos comem com calma). Enquanto isso, nos EUA, quando a garçonete com o sorriso falso leva você até a sua mesa você já encontra o cadeirão, o papel e os lápis de cera esperando por você, assim como o copinho de plástico com canudo e tampa pra criança beber água. Não parece não, mas essas coisinhas fazem uma grande diferença durante uma viagem. Porque os EUA são um país previsível; apesar de ser imenso, culturalmente é bastante homogêneo (a não ser a Califórnia e NY que são mundos paralelos), o que logicamente pode ser visto como um defeito mas que tranquiliza muito quem viaja com pimpolhos e cujo maior pavor é o desconhecido em caso de emergência. De forma que não tenho do que reclamar; adoro viajar pra lá, adoro fazer compras lá (porque vamos combinar que tem muita coisa em termos de praticidade que não existe aqui na Bota), adoro a facilidade de fazer qualquer coisa, ao contrário do Brasil e da Itália.
No lugar do Benny, eu colocaria o sorriso falso em primeiro lugar. Me dá um nervoso danado. Outro dia estava eu fazendo a minha ginástica, levantando meus pesões power, quando o Mirco, que estava almoçando, perguntou “mas por que é que essas idiotas ficam rindo o tempo inteiro? Olha o tamanho do peso que a mulher tá levantando; que merda de sorriso é esse?”. Nos DVDs com os rounds de TurboKick, feitos pra instrutores e/ou pra quem está treinando pra virar um, a Chalene, que é a clássica americana, repete continuamente que é preciso sorrir sempre. Cara, na boa, essa auto-enganação é tão ridícula! Tipo, você finge que está mesmo super curtindo as suas flexões e eu finjo que acredito. Faça-me o favor! No caso da Disney eu nem digo nada; a ideia é mesmo a de estar em outro mundo, e esse tipo de comportamento ajuda a entrar na fantasia, mas pelamordedarwin, a mulher toda suada, quase sem fôlego, fazendo exercício de tríceps com peso de 17,5 pounds, e SORRINDO? Vai ser babaca assim no inferno.
Claro que na Europa neguinho exagera no outro sentido; normalmente os clientes são tratados pelos prestadores de serviço como se estivessem fazendo um grande favor em estar ali comprando o que eles têm pra vender. Ter que agitar os braços, apitar, botar neon na testa (ou, como fez o Mirco uma vez, depois de meia hora esperando pelo cardápio – simplesmente ligou do celular pro número do restaurante e falou “eu estou aqui na mesa tal e queria pedir o cardápio…”) pra chamar a atenção do garçom é quase tão irritante quanto ter que aturar o “is everything ok?” a cada 5 minutos no restaurante americano. Enfim, o que eu queria dizer é que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, saca.
Há muito tempo li um livro chamado Il Sogno Europeo (li em italiano na faculdade) e gostei muito. Apesar de fazer váaaarias previsões que não deram certo, o autor faz uma análise dos aspectos históricos que levaram às diferenças culturais entre Europa e EUA. Bem interessante. Não sei se o cara deu uma atualizada no livro, mas de qualquer maneira acho que vale a pena ler.
Vamos fazer um acordo? Eu finjo que essa bodega aqui não ficou abandonada por esse tempo todo e vocês fingem que sentiram uma falta e-lor-me dos meus escritos. Beleza?
Nessa pequena e delicada pausa pacamancal muita coisa aconteceu, obviamente. Várias viagens (NY, Valencia, Orlando, Amsterdã, Rio, Paris, Boston), distribuídas ao longo do ano, mas as melhores coisas aconteceram no segundo semestre. Carol começou a ir à escolinha, uma Montessori pseudobilingue (uma hora de inglês por dia, infinitamente melhor do que a média das escolinhas aqui, que nem sempre sequer oferecem inglês e quando oferecem é só uma hora por semana, enquanto que, pasmem, as aulas de religião tomam DUAS HORAS por semana – no comment) bem legal em Santa Maria, e com isso comecei a ter um pouco de paz de manhã. Ela entra às nove e poderia ficar até as 4, mas como ela ainda precisa dormir à tarde senão fica inadministrável, vou pegá-la à uma da tarde, depois que ela almoça na escola. Ter tirado esse almoço das minhas costas foi um alívio tão grande que vocês não podem imaginar; a pior parte do meu dia desde que ela nasceu sempre foi dar comida pra ela. Então ela almoça (muito bem) na escola, eu vou pegar, ela dá uma dormidinha e depois passamos a tarde brincando. Tiramos a fralda, pra xixi sem problemas mas o cocô tá difícil. Comecei a fazer ioga, com a Petulla, uma brasileira que veio morar aqui, coitada, e é absolutamente um amor. A Fabiola teve neném, uma coisa tchutchuca chamada Ettore. A avó do Mirco, que estava deixando a minha sogra absolutamente louca por causa da senilidade (no caso dela isso inclui espalhar cocô pelas paredes do banheiro e dar pão molhado pros coelhos comerem, que depois morriam de barriga estourada pela fermentação do pão), foi morar na casa do irmão da minha sogra, de onde aliás ela nunca deveria ter saído, porque é a casa dela, com as coisas dela – ela sempre detestou ficar morando na minha sogra. De modo que agora tenho uma sogra mentalmente equilibrada de novo, um alívio. Voltei a ouvir rádio, quando volto pra casa depois de deixar a Carol na escola e depois de novo quando vou pegá-la – por sorte são os horários dos meus programas preferidos, Il Ruggito del Coniglio (o rugido do coelho) de manhã e 28 minuti, da jornalista Barbara Palombelli, na hora do almoço. Pra quem fala italiano, aconselho vivamente, principalmente Il Ruggito, que é de matar de rir (podcasts disponíveis no site daquela merda da Rai ou catando na iTunes Store). Parece besteira, mas aprendo um monte de coisas com esses programas: com os meninos do Ruggito porque, apesar de serem comediantes, têm um senso de observação afiadíssimo e comentam as notícias do dia com pontos de vista que nunca passariam pela minha cabeça, e com a Barbara Palombelli porque ela sempre entrevista pessoas interessantes e fala-se de tudo, de economia e política a usos e costumes, passando por fecundação heteróloga e literatura. Não tenho conseguido ler muito, mas o pouco que tenho lido tem sido bem interessante. Aumentamos o limite de kW de casa, com a esperança de que a luz pare de cair toda vez que ligo o forno e a máquina de lavar roupa ao mesmo tempo (pra ficar tudo perfeito só faltava ter um ralo no banheiro e na cozinha, mas aí também já é querer demais). Minha mãe se mudou pra Ipanema, o que é sempre uma coisa positiva.
Lógico que nem tudo são flores: meu sogro vai encarar a segunda operação no joelho semana que vem, o país está falindo, minha psoríase anda cada vez mais galopante, com a Fabíola recém-parida fica difícil socializar, o Alessandro, o Menino Que Não Pode Suar e melhor amigo da Carolina, entrou pra escola primária e passou a ter aulas aos sábados, o que significa que não conseguimos mais nos ver às sextas, e a Carol sente falta. Nem vou comentar as chuvas em Gênova nas últimas semanas porque é coisa de arrepiar os cabelos: morreu gente, as avenidas da cidade viraram rios, foi uma coisa horrorosa e nunca vista antes naquela parte do país. Por aqui o tempo hoje está ótimo, solzinho e um calorzinho inédito nessa época do ano, mas é lógico que já já o frio vai cair matando, o que é sempre um pé no saco. Descobri que praticamente estou pagando pra trabalhar, porque os impostos são altíssimos – coisa que não me incomodaria se houvesse um retorno, mas, como no Brasil, aqui você paga, paga, paga e só toma na bunda, porque obviamente o país não funciona. Ano que vem tenho que pedir a renovação do permesso di soggiorno e já estou até vendo o perrengue que vai ser (na última vez levaram TREZE MESES pra entregar a merda do documento). Aliás, vou aproveitar pra pedir a cidadania ano que vem também, pra facilitar a minha vida. Minha nova faxineira, que cobra menos que a Naima, é uma equatoriana boazinha mas burra feito uma porta e lerda, mas lerda, mas lerda que vocês não imaginam. Tivemos problemas sérios com a desgraçada da Tim, que manda contas de 9.000 euros (até agora já foram 3) e leva anos pra ajeitar as faturas. Perdi um iPhone, roubado na praça em S. Maria, e um Samsung horrível que eu detestava, que deve ter caído no aeroporto em Paris no caminho pro Rio. Carol teve o que achamos que foi sarampo quando esteve no Rio; foi uma viagem muito, muito estranha, que incluiu a morte da minha avó e várias chateações familiares dignas de novela das oito (tia filhadaputa). Perdi o voo de volta pra cá (Freud explica) e tive que pagar a passagem de novo, morrendo em 1.500 eurinhos. Carol voltou do Rio falando carioquês fluente, mas agora está ficando com sotaque paulistano por causa da influência do italiano e, pra piorar, também está transferindo um monte de maluquices do italiano pro português, tipo botar o sujeito no final da frase.
Mas enfim. Vamos explicar o título do post: ontem teve uma festa na escolinha da Carol, uma coisa tradicional das escolas Montessori, que nada mais é do que uma apresentação simpática que as crianças maiores fazem pra receber os novos alunos. Eles cantam umas musiquinhas e depois todo mundo come minipizzas e docinhos. A Carol anda cantando o hino italiano já há umas duas semanas, logicamente sem entender nada e me matando de rir com os virunduns (“memo dixipo” em vez de “delll’elmo di Scipio”), porque o hino era a última música cantada na apresentação. Comecei a cantar o hino brasileiro pra ela, que agora toda hora pede “mamãe, canta o Piranga?”. Enfim, vamos pra escola de carro de manhã, eu às lágrimas cantando o hino e ela interrompendo pra perguntar “o que é liberdade?”, “o que é magiplácida?”, “o que é enteusseio?”, “o que é a propria morte?”. Aimeussais, onde é que eu fui amarrar a minha égua, como é que eu vou explicar essas coisas pra ela? Ter filhos é muito estressante, mas pelo menos de tédio não se morre ; )
P.S.: Lógico que ela não participou da apresentação. Entrou toda calma, foi pro seu lugar, me viu, começou a chorar, pediu colo e passou o dia inteiro emburrada.
Comprei um Kindle, como eu disse no post sobre a viagem a Londres. Comprei pela Amazon inglesa e mandei entregar no Hiro, e peguei quando fomos passar a tarde com eles.
Quando eu perguntei no Twitter se comprava ou não o Kindle um monte de gente me falou que eu tava louca, que o negócio é preto e branco, pré-histórico, que não serve pra nada e coisa e tal, que eu deveria era comprar um tablet. Como vocês já devem estar carecas de saber, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O Kindle é pra ler, a conexão 3G vem junto pra você poder comprar livros pela Amazon (que é só onde eu compro mesmo, de modo que falta de acesso a outros vendedores não faz a menor diferença pra mim) onde quer que esteja, e o browser é só um bônus. Excrusive está no submenu “Experimental”, ou seja, sabe-se que é um quebra-galho que pode dar tilt a qualquer momento e azar o seu. O Kindle não faz mais nada além de ler, mas isso ele faz MOITO bem. Eu não sou do tipo que sublinha nem anota nada em livros, mas se você quiser pode fazer ambas as coisas, e a Amazon faz back-up de tudo pra você. Tem livro pra Kindle piratão na rede? Tem. Mas eu, sendo doentinha, já comprei a versão impressa de tudo o que eu li pelo Kindle e gostei até agora…
Porque é LÓGICO que não é a mesma coisa que ler no papel – quer dizer, pros olhos é a mesma coisa porque a tecnologia e-ink deles é uma maravilha e ler no Kindle não cansa nada, mas pro resto dos sentidos é muito diferente. Nenhuma sensação no mundo equivale à delícia de segurar um livro nas mãos, sentir o cheiro do papel, a textura das páginas nas pontas dos dedos, o peso dele, o prazer do ato de folhear. Mas sabe como é, não tem tu, vai tu mesmo, entendem? Tem horas que o Kindle é a única possibilidade. Porque ele tem uma vantagem eLorme: dá pra ler hands-free. Coisa linda da mamãe. Você bota o negocinho em cima da mesa, ou da pia, ou da bancada da cozinha, e consegue fazer outras coisas enquanto lê. Ma-ga-vi-lho-so!
Exemplo: a Carolina leva hooooras pra comer, e a televisão tem que estar ligada porque se ela se tocar que está comendo, para (exatamente o contrário de mim, que não paro nunca), então precisa de uma distração. E não adianta eu contar história nem ficar conversando com ela nem fazer teatrinho de boneco; tem que ser a televisão, aparentemente a única coisa alienante o suficiente pra deixá-la num estado parecido com o de animação suspensa, completamente passiva às minhas manipulações alimentares. Isso faz com que eu fique um tempo enorme com o garfo no ar, esperando a criatura acabar de mastigar e se dignar a abrir a boca, sem nada pra me distrair além do Nemo/Cinderela/Shrek/Wallace and Gromit na tela. Com o Kindle meus problemas de tédio acabaram! Enquanto ela mastiga, hipnotizada por Aladim e Jasmine, eu, em vez de ficar sem fazer nada, baixo os olhos pro Kindle apoiado na mesa e leio um tiquinho.
Estou conseguindo ler mais desde que trouxe o bicho pra casa do que desde que ela nasceu. Leio com o Kindle apoiado no porta-toalha enquanto escovo os dentes. Enquanto mexo o risoto, prato que requer supervisão constante. Enquanto tiro a louça da máquina de lavar. Enquanto faço a cama. Uma coisa de louco! Estou apaixonada, crianças.
Quanto à conectividade, pra ser sincera só testei de verdade na Inglaterra, porque me conectei pelo Kindle do aeroporto em Londres sem nenhum tipo de problema, mas aqui na Itália o browser não abre. Tudo bem que quando fui comprar o bichinho o site me avisou pra comprar pela Amazon americana, que pede pra você escolher o país em que o seu Kindle vai ser usado na maior parte do tempo, mas eu simplesmente estava me coçando toda de curiosidade e não podia esperar até o Natal, quando estaremos em NY (o frete era grátis pros EUA mas pra cá sairia carinho e ainda por cima eu estaria sujeita às taxas de importação. Não bom.). Meu raciocínio foi o seguinte: se a parada é feita pra você ter conexão 3G de grátis em 100 países do mundo, o país onde você o comprou não pode fazer diferença porque senão a coisa toda não tem sentido, certo, Biscoito? Vou levar o meu neném pra NY e ver se consigo me conectar de lá. Se der problema vou ter que entrar em contato com a assistência técnica deles pra saber o que fazer, mas tenho pra mim que o problema é com a Itália mesmo, e nesse caso não faz diferença porque conexão 3G por conexão 3G, melhor a do meu iPhone, que tem um browser decente.
Mais sobre o que ando lendo em futuros posts.
P.S.: Não sei se vocês sabem, mas o Guia para Hackear Línguas vem também em versão pra ser lida em e-readers, incluindo o seu Kindle. Fikdik.
Ah, Londres. A cidade mais antipática onde já botei os pés.
Mas dessa vez não fomos a Londres for London’s sake, mas sim pela companhia: a Lu estava lá passeando, Hiro e Barbara moram lá, e havia a promessa (semi-cumprida) de conhecer muita gente legal. E como além disso tudo tem voo pra Londres saindo diretamente do glorioso Aeroporto Internazionale di Perugia, que tem voos diretos pra Milão (realmente outro país), Romênia e Albânia, além dos voos regulares da Ryanair pra Londres o ano todo e pra Barcelona no verão, não podíamos dizer não. E fomos. (Tá igualzinho ao parágrafo do post de antes da viagem, eu sei, poupem-me, tá).
Voar com a Ryanair já foi uma coisa factível. Hoje em dia dá nos nervos. Tudo você paga: tem taxa pra pagar com cartão de crédito (que, vejam só, é a única forma de pagamento), pra levar mala na estiva (que se estiver 200 gramas mais pesada do que o limite resulta em pagamento de excesso de bagagem), pra bagagem de mão (que eles REALMENTE medem naquela merda daquela espécie de grade com as medidas certas, e se a porra da mala não couber direitinho, sem forçar, você paga 35 libras pra poder levar a bichinha na cabine), pra fazer check-in online, pra fazer fila prioritária, o cacete a quatro. O desconforto do avião, cujas poltronas nem reclinam, não incomoda porque os voos são sempre curtos. Incomoda a chatura das aeromoças toda hora pentelhando no alto-falante vendendo aquelas merdas de cartões telefônicos, calendários e outras bugigangas que nunca vi ninguém comprar, de modo que é impossível dormir. Incomoda o fato inevitável de que o avião está sempre cheio de italianos, lógico, e isso nunca é bom. Incomoda muito o fato do voo chegar em Stansted, um aeroporto comodamente localizado lá na puta que o pariu (estou cheia de francesismos hoje, notaram?), o que significa ter que pegar trem (caro) ou ônibus (menos caro) até a cidade, e de lá transporte pro seu hotel.
Nessa maluquice de deslocamento de pobre, acabamos perdendo o jantar na sexta, e consequentemente deixamos de conhecer algumas pessoas legais. O motorista de táxi nunca tinha ouvido falar do restaurante, cujo site maldito só dá o mapa pra chegar lá, em vez da porcaria do endereço; o cara nos deixou numa rua paralela, lá fomos nós arrastando uma malona, duas malas de mão e o carrinho da Carol pela rua, um frio desgraçado, até achar o bendito restaurante. Lá dentro, um calor infernal, um cheiro de fritura (que me deu fome) e um monte de funcionários na recepção que nunca tinham ouvido falar das pessoas que eu deveria encontrar, não tinham recebido nenhum recado sobre um pobre casal cheio de malas e uma criança cabeluda (o recado eu sei que foi dado, se foi processado já são outros 500), um fulano que me levou até a entrada dos salões no andar de baixo e me largou lá sozinha pra procurar o pessoal, eu que não achei ninguém. Desistimos, voltamos pras ruas geladas e entramos no primeiro restaurante aberto que vimos, que por sinal era italiano e muito gostosinho (Rosso di Sera, mas não me perguntem o endereço que eu não sei). Gabe ligou quando eu estava no meio das minhas orecchiette com brócolis e bacon, mas àquela altura do campeonato a última coisa que queríamos era arrastar mala e carrinho pela rua de novo, de modo que acabamos pegando um taxi direto pro hotel e perdemos a socialização. Bosta.
Ficamos no Travelodge Waterloo, na Waterlood Road. O hotel é novinho em folha, mas é um Travelodge, ou seja, tem tudo o que você precisa e nada do que você não precisa, espartano mesmo. Como pra gente hotel só precisa ser limpinho e mais nada, deu pro gasto e ainda sobrou. Tomamos café lá dois dias, feijão, ovo mexido, bacon, tomate assado e linguiça, mais torradas, suco de laranja, iogurte, cereal, Nutella pra passar no pão, café etc pra quem toma. Por sete libras e meia, tava muito bom. Pagamos mais no Paul da Waterloo e comemos menos (mas que sanduba bão, nham…). Pena que não tinha absolutamente nenhum tipo de queijo, nem chocolate, quente ou frio que fosse, de modo que fiquei com aquela sensação de que tava faltando alguma coisa. Mas enfim: o hotel é muito bem localizado, a um passo da estação de Waterloo, que dá acesso a um monte de linhas e a trens, e está bem perto das principais atrações turísticas da cidade. Ótima pedida pra quem quer gastar pouco (relativamente, né, afinal estamos falando de Londres).
Não sei se foi a companhia, mas dessa vez desgostei menos da cidade. Também não vimos nada de tipicamente turístico, diga-se de passagem, porque não fomos pra turistar, mas mesmo assim achei tudo menos odioso do que da primeira vez. Até o sistema de transporte público, que me pareceu muito esquisito da outra vez, agora achei mais lógico (embora ainda prefira o de Paris). Comemos melhor do que da outra vez, mas acho que isso é porque estar com pessoas que conhecem a cidade faz toda a diferença do mundo.
Mas então: a Carolina brincou com a Julia e com a Vitoria, filha da Flávia, que adorei conhecer. Eu bati muito papo e gastei meu português. Sofremos um pouco com o frio horroroso, mas isso é detalhe. Encontrei a minha amiga suíça Susanne, que mora em Cambridge onde o marido dá aulas de física na universidade; o encontro foi rápido (por um erro de logística meu) mas ótimo pois gosto muito dela. Passamos a tarde de domingo na casa do Hiro, uma das minhas pessoas mais queridas do mundo, comendo curry vagaba de rua, conversando com a Barbara e babando no Jonas, que é o minijapa mais simpático do planeta. E na segunda voltamos pra casa sem problemas, com a maravilha adicional que é só precisar dirigir uns 8 minutos até em casa, em vez do perrengue que normalmente é a viagem pra pegar avião em Roma.
Resumindo, foi um fim de semana muito agradável. Tanto que estamos cogitando repetir a dose tipo assim todo ano, sabe. Ou pelo menos enquanto não sair um voo Perugia-Paris…
Acabei de voltar de Londres, conheci gente legal, passei tempo com amigos queridos, passei um frio do cacete porque estava um frio do cacete, a Carolina se divertiu, e mais um monte de coisas. Não estou com tempo de escrever agora porque vem um povo aqui comer pizza daqui a pouco, mas deixo vocês com uma liquidação magavilhosa! O Benny está vendendo o Language Hacking Guide com 15% de desconto (o código pro desconto é “hablar”, mostro aqui porque se eu pedisse pros interessados me escreverem perguntando o prazo da liquidação iria passar por causa dos fusos horários). O desconto só dura 48 horas e eu já perdi o dia inteiro hoje porque não estava em casa pra postar e não agendei o post antes de viajar (anta é assim, sabem como é), então aproveitem, corrão! O link tá aqui, ó.
Quem já tinha comprado antes vai receber um e-mail com a atualização do guia com duas novas línguas, tcheco e irlandês. Novas línguas vão sendo adicionadas conforme as traduções vão ficando prontas, e isso significa que o preço vai subir de novo daqui a pouco. Por isso aproveitem, quéridos. O guia sobre alemão também pode ser comprado pelo mesmo link, com o mesmo desconto, usando o mesmo código, mas esse não está traduzido em nenhuma língua e só está disponível em inglês, tá? Vão lá correndo antes que a mamata acabe.
…hoje vamos pra Londres, passar o fim de semana. Logicamente a coisa é muito menos chique do que parece, porque vamos de Ryan Air, a companhia aérea mais chata do universo, que cobra taxa extra pra você pagar com cartão de crédito (que é o único modo de pagar), pra fazer check-in online, pra embarcar antes, pra levar mala na estiva, pro cacete a quatro. Mas achamos passagens a bom preço e ainda por cima vamos sair do glorioso Aeroporto Internacional de Perugia, realmente internacionalíssimo, com voos pra Londres dia sim, dia não, voos pra Barcelona no verão, voos pra Romênia e Albânia de vez em quando, e dois voos diários pra Milão, que realmente parece outro país. Partimos hoje depois do almoço e voltamos na segunda de manhã.
O que diabos vamos fazer em Londres num fim de semana chuvoso, nevoso e gélido? Por que vamos voltar a essa cidade da qual nem eu nem o Mirco gostamos muito? Porque a Lu está lá, o Hiro e a Barbara estão lá, minha amiga suíça Susanne que mora em Cambridge com o marido vai lá me ver, e o meu Kindle está lá com o Hiro. Vai ser bom pra Carolina mudar de ares também pra ver se a chatice dela melhora um pouco.
Vamos passar Natal e Ano Novo em NJ, onde ficamos há uns três anos (ou dois, não lembro mais), na casa daquele amigo do Mirco. Dessa vez o Ettore e a Arianna vão também, de modo que vocês já podem ir imaginando as reações dos jecas em NY que depois eu conto. Mas estou achando ótimo eles irem porque já tava mais que na hora deles saírem desse buraco onde moramos e onde eles vivem enfurnados. Também vai um casal de amigos, Marco e Michela, com o filho de 5 anos, que é chatinho até não poder mais mas adora a Carolina (a recíproca não é exatamente verdadeira mas de repente ela se acostuma com a chatice dele, sei lá). Eles também nunca vão a lugar nenhum porque ele tem medo de voar e porque nenhum dos dois fala inglês, mas ela gosta tanto de viajar, coitada, que segundo o Marco em vez de estar escorbútica como sempre a menina anda dando show de simpatia, neguinho nem tá reconhecendo a coitada. Vamos ver no que vai dar.
Já sei no que vai dar a viagem do Carnaval: vamos pra Disney, na Flórida, com dois casais amigões da faculdade e as filhas pequenas. As meninas têm pouco mais de idade do que a Carolina e se deram muito bem, nos churrascos, nas dormidas, nos almoços a que fomos. Até lá espero que a madame já esteja falando alguma coisa, nem que seja só pra cantar as musiquinhas da Galinha Pintadinha no carro com as outras duas madames faladeiras. Mas já sei que vai ser a viagem mais divertida do universo, porque todos nós nos damos muito bem, as crianças são todas bem tranquilas e amigas, vamos ficar no mesmo apartamento, ou seja, vai ser meio que reviver os churrascos de festa junina no sítio do Bernardo em Cabo Frio nos primórdios da faculdade, com a diferença que temos que ficar de olho nas meninas. Está todo mundo animadíssimo, e eu, então, isolada aqui nesse fim de mundo, nem se fala. Looking forward to it, totalmente.