os vampiros

Moreno me emprestou Twilight e New Moon em Blu-Ray, insistindo que eu os visse porque achava que eu iria gostar.

Olha… Tem muitos anos que eu não vejo dois filmes tão idiotas. Espero de verdade que os filmes tenham ficado muito aquém dos livros, porque tem tanta gente boa que eu conheço que gostou dos livros que me recuso a acreditar que sejam tão ruins e estúpidos assim. Festival dos clichês, anyone?

A Coisa Irritante Número Um são os cabelos amarelo-Cheetos dos vampiros louros. Queísso, gente? Ter cabelo amarelo com cara de peruca de plástico é efeito colateral de vampirice? Faz favor, né!

Coisa Irritante Número Dois: a Bella. Meldels, que garota cha-ta! Chata, chata, chata de marré deci! Não tendo lido os livros, não sei se a personagem é assim mesmo ou se é a atriz que é um horror, mas o fato é que achei a garota chata, com aqueles olhos caídos, a boca eternamente aberta, toda a graça e entusiasmo de uma batata cozida e a expressividade do cigano Igor, a falta de personalidade, a falta de interesse geral. A larica do vampiro devia estar feia mesmo pra ele se apaixonar por aquela coisa.

Coisa Irritante Número Três: os diálogos 100% chavão. “Não consigo imaginar a minha vida sem você”. Vômito.

Coisa Irritante Número Quatro: o Jake. Se você achava que só a Globo era capaz de transformar caras-de-pobre feito o José Mayer em galã, se enganou. Com essa nareba de Jackson Antunes antes da cirurgia, meu filho, você pra mim só vai ser galã quando todos os homens do mundo morrerem de autocombustão.

Coisa Irritante Número Cinco: esse lance da pele brilhante quando os vampiros se expõem ao sol. Hein? Num mundo como o nosso, onde ninguém nem olha duas vezes pra punks, megatatuados, gente com piercing no cu, gordas de biquini na praia, alguém sinceramente acharia uma coisa estapafúrdia um muchacho coberto de glitter?

Coisa Irritante Número Seis: o excesso de clichés nos roteiros. O vampiro que finge não gostar mais dela de um dia pro outro pra salvá-la e ela acreditar; ela que finge que está puta com o pai pra poder fugir de casa e salvá-lo e ele que acredita; a história toda dos lobisomens; a mãe pseudomaluquinha; o vampiro rasta. Ai meus sais…

Os efeitos especiais do primeiro filme são uma merda; os do segundo, um pouco melhores. As sobrancelhas da Bella estão melhores no segundo filme. Cada vez que vejo o Jasper fico com vontade de bater nele; tudo nele me irrita, a começar pelo nome (e pelo cabelo).

A única coisa legal que eu vi foi o lance da “instalação” com os chapéus de formatura (tenho certeza que eles têm algum nome específico mas estou com preguiça de procurar) na parede da casa dos vampiros. Criativo.

E pensar que neguinho faz fila pra ver essas merdas. O mundo anda me irritando deveras ultimamente.

ah, itália…

Eu venho dizendo há anos que a Itália é o país mais divertido do mundo. É tão surreal que se não existisse precisava inventá-la.

Quem já viu televisão aqui sabe do que eu estou falando. Antes do telejornal da manhã todos os canais fazem o que eles chamam de “rassegna stampa”, que resume-se a LER em voz alta, às vezes sublinhando as frases mais importantes com marca-texto, as manchetes dos principais jornais do país. Não estou brincando. O cara fica lá sentado de frente pra câmera atrás de uma escrivaninha cheia de primeiras páginas de jornais, e vai lendo em voz alta e sublinhando. Não é uma coisa?

E as roupas dos repórteres? Quando eu estudei em Chiavari com a Syrléa a gente dava gargalhadas com o terno de veludo cotelê amarelo-mostarda e a barba por fazer do apresentador do TG5, que por sinal continua lá até hoje e continua volta e meia aparecendo com barba de dois dias. As apresentadoras mulheres muitas vezes usam roupas abomináveis, estampas berrantes, decotões, brinco gigante em uma orelha só, coisas que deveriam ser proibidas por lei tipo paletozinho vermelho-Paloma-Picasso com botões dourados e om-brei-ras. Pra não falar dos cabelos. Já vi cabelo amarelo com a raiz escura, franja caindo nos olhos é um must, cabelo chapinhado escorrido cobrindo as laterais do rosto é supercomum. Maior profissionalidade, vou te contar.

sos dvd

Obrigada a todo mundo que deu pitacos sobre o sono da Carol. Todo mundo me ajudou de alguma forma. Estou com preguiça de entrar em detalhes agora, mas fiz algumas mudanças na nossa rotina e a coisa parece estar tomando o rumo certo (ou então ela mesma é que entrou no esquema, o que me parece mais provável).

Preciso da ajuda de vocês de novo pra uma coisa muito séria: meu DVD player novo. Meu Turbo Fire acabou de chegar e não vou conseguir fazer enquanto não achar um jeito de desbloquear o DVD player, que não lê nem o Turbo Fire nem o ChaLean Extreme (mas lê os Turbo Jam sem problemas, vai entender). E como é que vou ver meu Tropa de Elite amado? O mundo definitivamente seria um lugar mais feliz se não existisse essa palhaçada de área isso, área aquilo.

Meu DVD player é um Samsung Blu-Ray modelo BD-C5300. Se alguém souber me ajudar, agradeço imensamente. Sempre desbloqueei todos os DVD players que tive, mas não estou conseguindo achar o código pra esse novo. Socuerro!!!

Update: A internet é uma coisa linda mesmo. Problema resolvido :) Valeu, Camila!

isaura

A Isaura aqui tem trabalhado pacas. Só coisa chata. Mas apareceu uma parada legal aqui agora. Tem a ver com línguas. Tem a ver com o Brendan. Só podia ser legal : ) Mais novidades quando a coisa sair do forno.

e a copa, hein?

Bom, fodeu tudo, né. Sinceramente nunca acreditei muito na nossa seleção, mas o Brasil era dado como favorito aqui em todos os programas de futebol, de modo que a derrota pra Holanda foi realmente um banho de água fria.

Foi lindo ver a Argentina perder daquele jeito. E não só porque eles me são incrivelmente antipáticos e arrogantes, mas porque acho o Maradona uma das figuras mais odiosas da face da Terra e merecia um tapa na cara bem estalado. Não consigo entender isso do cara ser um ídolo mesmo sendo um idiota. Nunca fui capaz de entender a supremacia do talento (ou do esforço) sobre a integridade de caráter. O cara jogava pra cacete, granted, mas É UM FILHO DA PUTA! Drogado! Arrogante! Desonesto! Cara, se tudo isso não anula completamente o talento que ele tinha então eu não quero mais viver nesse mundo não.

Isso me lembra uma conversa que tivemos uma vez à mesa do jantar na casa da Arianna. Estávamos falando de um ex-funcionário do Mirco, que chegou a ser muito amigo dele, que é completamente maluco. O Ettore dizia que não entendia por que ele nunca namorava, porque era tão trabalhador. Oi? Ele é maluco, ma-lu-co, desequilibrado, inconsistente, louco! Quem é que atura isso? “Mas ele trabalha tanto!”, repetia o Ettore, como se isso resolvesse todos os problemas do mundo. Já ouvi coisas desse tipo de muitas outras pessoas. “Ah, ele pode ser burro/chato/desonesto/mulherengo/sujo/mau com os filhos/violento com a mulher/etc, mas é tão trabalhador!” SOCORRO! As pessoas aqui levam a primeira frase da Constituição a sério demais (“L’Italia è una repubblica fondata sul lavoro…”). Detesto esse conceito de botar o trabalho no centro do universo. Sou só eu que considero o trabalho um mal necessário? Um meio pra chegar aos fins? Coisa mais chata isso de ter uma vida tão vazia que só resta trabalhar; estou de saco cheio dessa gente ignorante. E não estou falando só dos meus sogros não, que não são capazes de contar uma história direito, muito menos de explicar o que estão vendo na televisão porque mal sabem escrever; temos amigos da nossa idade cuja vida se resume a trabalhar e nada mais importa. Gente que passa a vida juntando dinheiro sabe-se lá pra quê, já que nunca o aproveitam, e nunca o aproveitam porque não saberiam o que fazer sem trabalhar, pois nunca fizeram outra coisa. Coisa mais chataaaaaa!

menu de verão

Eu sinceramente nunca entendi essa coisa do apetite das pessoas seguir as estações, mas aqui isso é levado muito a sério. A minha vontade de tomar sorvete não diminui nada no inverno, e tampouco no verão tenho menos vontade de comer massa ou outras coisas que como sempre. Mas aqui é só falar de carne no verão e todo mundo começa “aaaaaaaaaaah, tá calor demais pra comer carne… Eu no verão só como mozzarella, melão com presunto etc”. Meu estômago deve ser temperature-insensitive or something.

A coisa boa do verão é poder comer fora – fora no sentido de do lado de fora de casa. Aqui em casa comemos na varanda sempre que vem gente pra jantar. Na Arianna o verão inteiro é almoço e jantar na mesa do quintal, inclusive nos dias tórridos nos quais eu daria um dedo mindinho por um ar condicionado. Pra Carolina é uma bênção, porque ela fica perambulando pra lá e pra cá enchendo o saco dos cachorros e jogando restos de alface dentro da casinha dos gansos, doida pra destruir as plantas confusas da Arianna mas sabendo que não pode, então apontando e fazendo “ahn? ahn?” e depois fazendo “não não não não não” com o indicador, às vezes vindo até a gente na mesa pra filar um pedaço de qualquer coisa. Ela continua comendo pouco, e entrou naquela fase pentelha de gostar de uma coisa num dia e nem querer olhar pra ela no dia seguinte, mas algumas constantes existem, como a mozzarella, azeitonas, tomate e um cream cracker dos Vigilantes que encontrei estranhamente por aqui (o Weight Watchers italiano fechou há anos por má administração) e que prefiro aos crackers normais porque tem menos sal e gordura e é de farinha integral. Essas coisas ela nunca recusa. Todas as outras coisas dependem do humor do dia. Sacoooo.

Enquanto isso, todo mundo continua me perguntando por que é que ela nunca tomou sorvete nem comeu doce nem batata frita. Hello? A garota já não come quase nada, vou ficar enchendo a barriga dela de coisas de valor nutricional zero? Pra que acostumá-la com essas coisas? Tudo o que nunca aparecia lá em casa quando eu era pequena eu não como até hoje – bala, chiclete, fritura, cachorro-quente. Refrigerante quando eu era pequena chegava a estragar; hoje eu tomo Coca de vez em quando, e admito que tomaria mais frequentemente se a coisa não fosse praticamente venenosa, mas corto sem sacrifícios nas minhas fases de contagem hardcore de calorias. Todos os outros refrigerantes do mundo por mim poderiam perfeitamente nunca ter sido inventados. Detesto doce de padaria. Não como nem brigadeiro. Por que vou ficar dando essas coisas pra minha filha? Não entendo. Na porchetta de aniversário do Ettore uma senhora que eu nunca tinha visto, uma daquelas parentas que aparecem uma vez na vida e outra na morte, trouxe uma barra de Galak pra Carolina. Prestem atenção, a velha trouxe 400 g DE CHOCOLATE BRANCO, que nem chocolate de verdade é, pra uma criança de nem um ano e meio!!! Sou eu que sou louca ou pára o mundo que eu quero descer? Isso em um país onde as pessoas vivem pra comer e o fazem muito bem, obrigada; em um país de pessoas que não morrem nunca provavelmente graças à dieta mediterrânea; em um país onde ainda é normal voltar pra casa pra almoçar e onde as avós fazem macarrão em casa nos fins de semana e onde as pessoas só comem carne vermelha muito de vez em quando porque “faz mal”, onde não se frita praticamente nada, onde a comida que encontramos nos supermercados é super-hipermega controlada e vem cheia de selos e carimbos e autenticações pra gente ter certeza do que está comendo. Juro que não entendo.

carolinices

Carol está na fase dos tantrums (leia-se “ataques de pelanca”). Tantrums acontecem porque crianças obviamente não sabem como lidar com frustrações, pois até pouco tempo atrás nada lhe era negado pois ela de pouco precisava – leite e fralda limpa, basicamente. Conforme a criança cresce e começa a querer coisas, você obviamente começa a dar limites e negar quando preciso, criando situações às quais ela não está acostumada e logicamente não entende. Logo o tantrum. Um pé no saco, mas totalmente normal, só que eu acabo sempre dando risada porque a cara que ela faz é TÃO engraçada, com o beiço pra fora, a cara fica logo toda vermelha, aqueles cabelos balançando, aquela cara de criança mais velha que ela tem, eu não aguento. Não cedo, mas tenho que virar a cara pra ela não me ver rindo e achar que é tudo uma brincadeira.

Ela anda chatíssima. Segundo a pediatra é o maldito molar saindo, pois dá pra ver aquela coisa branca e dura ali enchendo o saco, doida pra aparecer e nada – o detalhe é que ela tem os 4 incisivos superiores e só os dois centrais inferiores, que ainda por cima são nanicos. Os molares vão aparecer antes dos caninos e dos incisivos laterais, tenho certeza, só pra deixar tudo mais ridículo ainda e pra me dar mais vontade de rir quando ela abre a boca durante os ataques de pelanca. Outra causa da chatice provavelmente é a frustração de não falar – porque ela não fala uma palavra, senhores, nem não, que normalmente é a primeira, nem ma-ma, nem nada. Aponta pras coisas, dá grunhidos, faz sim e não com a cabeça, mas falar que é bom, nada. Imagino o quanto isso não deve ser chato pra ela (pra não falar pra gente, que fica se esforçando pra entendê-la). Fase chata, vou te contar.

under heaven

Então. Como eu já tinha comentado aqui, eu tava me coçando toda pra ler Under Heaven, do Guy Gavriel Kay, meu escritor de fantasy preferido. Altas expectativas. Fui lendo meio aos trancos e barrancos, sabe como é, arrumar tempo pra fazer qualquer coisa que não seja Carolina-related é muito difícil, mas consegui. Gostei MUITO, ele escreve muito bem e tal, mas sinceramente não entendi o fuzuê todo ao redor do livro. Achei Tigana bem melhor; é um livro absolutamente sensacional. Não dá pra comparar os dois muito bem porque Tigana é bem mais fantasy (embora o fantasy do GGK seja pouco convencional), mas de qualquer forma continuo achando Tigana a obra-prima dele.

Quando acabei fiquei meio assim sem rumo e acabei seguindo o conselho da Meritxell, minha aluna de português (ela é espanhola; o nome dela é catalão. A quem interessar possa, o “e” se pronúncia “a” em catalão, segundo ela, de modo que o seu apelido poderia ser Mari): comecei La Catedral del Mar, de Ildefonso Falcones. Comprei há muito tempo aqui mesmo na Libreria Grande, depois vi a tal catedral em Barcelona e os meninos chegaram a comentar sobre o livro e disseram que eu absolutamente tinha que ler, mas não sei por que o bichinho ficou esquecido por aqui. Boba! Deveria ter lido antes! Estou adorando, adorando, adorando! Que mané The Pillars of the Earth o quê. Como jeito de escrever nem é nenhuma Brastemp (pense nas maravilhas que escreve o Zafón, por exemplo), mas a história é daquelas que colam e que você PRECISA continuar lendo pra saber o que acontece depois. Está acabando com a minha coluna, porque o livro é grosso e pesado e eu ainda levo um dicionário italiano-espanhol (comprado em Buenos Aires; uma merda mas é o menorzinho que eu tenho de espanhol) junto com ele pra cima e pra baixo. Mas vale a pena, vale a pena.

panqueca de arroz com lentilha

Mirco tem mania de comprar. Ontem ele saiu rapidinho pra comprar vassoura pra oficina com a Carolina pra eu poder malhar e voltou uma hora e meia depois com um caixote de cerveja, quatro livrinhos pra Carolina e quatro livros de receitas pra mim. Livros tabajara, daqueles vagaba de supermercado, mas fuçando sempre dá pra achar alguma coisa interessante. Um é sobre risotos, outro sobre tapas, um é uma enciclopédia de azeites e vinagres (tenho HORROR a vinagre, só um whiff é suficiente pra me fazer vomitar) e o último sobre comida indiana. Peguei esse pra folhear enquanto ele dava banho na Carolina e achei uma receita que me chamou a atenção, que é essa do título do post. Porque eu não posso ver uma lentilha que me assanho toda, e o mesmo vale pra palavra panqueca (ou crêpe). O detalhe é que a lentilha e o arroz não são o recheio, senhores, mas os ingredientes da massa!

Achei sensacional. Estou de saco cheio de trigo e tenho a impressão de que ele é o culpado de todos os problemas ponderais da minha vida, porque tudo o que leva farinha é gatilho de compulsão pra mim (e não só pra mim). Ultimamente ando com o comedor aberto, um desespero alimentar só experimentado quando eu estava grávida (não estou, tá) e que está difícil de segurar. Como estou com outros sintomas de descontrol hormonal, essa semana marquei endócrino pra ver o que pode ser exatamente, e enquanto isso vou tentando eliminar o trigo da minha vida. Felizmente a Barilla tem uma linha de massas feitas com outros grãos, inclusive lentilha, e são deliciosas. Também felizmente eu não tenho um apego gustativo particular a carboidratos brancos e realmente prefiro as coisas integrais, o que prepara a minha linguinha pra esses sabores “alternativos” sem trigo. Quem sabe assim eu consigo desligar o comedor. Porque entre batata, arroz e macarrão, sou fã incondicional do macarrão, que por sinal é muito mais prático também.

De qualquer maneira, fiquei doida pra fazer as tais panquecas. Vou dar a receita, mas atenção: não testei ainda, portanto não garanto.

200 g de lentilhas
15 g de fermento em pó
50 g de arroz (o livro diz pra usar basmati, mas acho que o nosso branco vai bem também)
páprica doce em pó
óleo

Deixe a lentilha de molho por pelo menos 4 horas e o arroz por pelo menos 30 minutos, separados.
Bata os dois ingredientes no liquidificador ou triturador até obter uma massa homogênea. Junte o fermento e uma pitada de páprica e deixe a massa descansar por 30 minutos.
Cozinhar como crepes normais na panela com pouco óleo, só pra não grudar, e depois enrole-as em uma colher de pau para que formem tubos.

Pela foto não dá pra saber direito que textura que fica, mas esse conselho final de formar tubos me leva a pensar que elas ficam mais pra durinhas, e portanto não exatamente recheáveis. O livro diz que são ótimos acompanhamentos pra pratos de peixe e carne, coisa mais ambígua impossível, mas vai depender muito da textura final. Quando testar a receita eu aviso aqui como ficou.

s.o.s. sono

Preciso de ajuda. Não estou conseguindo regularizar o sono da Carolina, e o resultado óbvio é que estou à beira de um colapso nervoso.

Vou descrever a situação só pra dar uma ideia.

Ela toma a mamadeira da manhã às 6 (mas ultimamente acorda sempre um pouco antes; fico enrolando até as 6). Meia mamadeira, troco a fralda com ela em pé pra que ela arrote, termina a mamadeira, outro arroto enquanto dou uma enxaguada básica na mamadeira e jogo a fralda fora, vamos pro quarto, ela encosta a cabeça no meu ombro imediatamente, logo depois se deita no colo mesmo, ganha um beijo e vai pro berço. Vira de bruços, eu saio, fecho a porta e ela dorme sem dar um pio até as 11:30, com picos de 12:30. Esse soninho da manhã é que me salva, porque consigo dormir se não tiver dormido à noite, malhar, deixar o almoço engatilhado, tomar banho, dar uma geral na casa, trabalhar quando estou a fim. Perfeito, porque eu sou totalmente antivampiro, só funciono de dia e por mim iria pro caixão dormir assim que o sol se põe.

Acorda, troco a fralda, troca de roupa, brincamos um pouco, vamos na rua levar o lixo na caçamba, voltamos, almoço (normalmente vendo Aladdin). Quando o Mirco chega pra almoçar mais tarde ela fila um pouco da comida dele também. Depois começa a ficar agitada, de modo que ou fico brincando com ela até ela sentir sono ou, quando o sol não está esturricando, vamos dar uma volta, ela brinca à sombra das árvores do Percorso Verde e talz. Voltamos, rola um lanche – fruta, iogurte ou biscoito, dependendo da vontade da madame – e aí sinto muito mas é hora de dormir. Normalmente a coisa rola lá pras quatro: vamos pro quarto, ela começa a se agitar porque não quer dormir mesmo estando cansada, seguro firme no colo, ela fica quieta rapidinho, vai pro berço acordada, saio e fecho a porta, ela chora por tipo 10 segundos e capota. Dorme mais ou menos uma hora e meia, às vezes mais.

Acorda de novo, brincamos, lemos historinhas, tento evitar que ela destrua todas as plantas da varanda, jantar. Quando o Mirco chega ela fila o jantar dele de novo, ele dá banho nela, pijama, historinhas. Ela entra num estado de agitação extrema até as dez, quando toma a mamadeira e vamos dormir. Às vezes capota no meu colo e vai pro berço sem traumas; às vezes não tem santo que a faça dormir e eu tenho que deitar na cama-fouton ao lado do berço, com a mão dentro do berço pra ela ficar beliscando e arranhando. Lógico que depois de uns 40 minutos dessa palhaçada eu começo a me irritar e ficamos as duas loucas no escuro, ela rolando na cama tentando dormir sem conseguir, apertando os nós dos meus dedos com as unhas, e eu gritando/sussurrando PELAMORDEDEUS PARA COM ISSOOOOO! FECHA O OLHO E DORME! FICA PARADA, COMO E’ QUE VOCE VAI CONSEGUIR DORMIR FAZENDO DOWN DOG, SUA MALUCA?

Alternativamente, eu dou banho rápido depois do jantar (dela) e saímos pra jantar fora. Ela fila o jantar da gente no restaurante também, e dependendo do lugar corre pra lá e pra cá feliz da vida rindo e dando gritinhos de alegria ou então fica irritada na cadeirinha dela resmungando sem parar e querendo pegar tudo o que está na mesa, obviamente ignorando todos os seus próprios brinquedos e livrinhos. Pijama no próprio restaurante. Se estiver muito cansada, dorme no carro; em casa vai direto pro berço enquanto eu boto o pijama, escovo os dentes, faço xixi, boto o relógio (pra saber que horas são quando acordo de madrugada com ela, vocês sabem que eu fico nervosa se acordar e não souber que horas são), preparo a mamadeira. Tiro a madame do berço, ela muito puta da vida, mas termina a mamadeira, arrota e capota imediatamente.

De madrugada as possibilidades são três.

1) Ela dorme a noite inteira sem acordar nunca, coisa que acontece tipo por uma semana a cada dois meses, mais ou menos.

2) Ela acorda de madrugada, quase sempre mais de uma vez, porque perdeu o raio da chupeta. Entro no quarto, rechupeto a menina e ela dorme de novo rapidinho. Essas noites assim são pouco traumáticas pra mim porque faço tudo em modalidade zumbi e nem lembro direito de ter me levantado da cama de madrugada.

3) Ela acorda uma vez, sempre num horário que não é mais tarde da noite nem cedíssimo de manhã, ou seja, o horário que mais me deixa destruída no dia seguinte (das 2 às 4 da manhã, digamos), e fica naquela loucura de me beliscar.

Não sei o que fazer. Já tentei tudo, menos deixar ela chorando (na verdade deixei uma vez, mas depois de 2 minutos, quando eu já estava quase tendo um treco, ela vomitou de tanto se esgoelar). Já chegamos à conclusão que a qualidade/quantidade do sono dela não tem absolutamente nada a ver com o cansaço ou com o nível de atividade durante o dia. Tem dias em que ela não dorme à tarde (normalmente é na Arianna que isso acontece), passa o dia na horta com a avó ou brincando com os cachorros ou na casa da vizinha da Arianna, uma prima deles, comendo cereja e correndo na rua (não passa carro), e mesmo assim não dorme. Tem dias em que ela faz tudo isso e dorme feito uma pedra. Tem dias em que não saímos de casa porque realmente não tenho forças e ela capota; em outros dias semelhantes ela dorme mal.

Vejam bem, não é que ela não queira dormir. Ela quer; fica rolando na cama, esfregando os olhinhos, não fala, não ri, não levanta, não pede coisas, nada disso. Ela não quer brincar, quer dormir mas não consegue. Não consigo entender o motivo.

Qualquer sugestão é bem-vinda.
Grata,
leticia