o retorno do dragão laranja

Fomos comer uma pizza e tomar sorvete na praça em Santa Maria com José e Kate. Kate, como eu, também abriu uma partita IVA (o equivalente ao CGC) e tá trabalhando de casa. José está como tradutor fixo na agência do Careca, que é o meu maior cliente. Ele ainda mantém contato com a única pessoa sã de mente que ainda trabalha pro Dragão Laranja lá no manicômio, e que só está lá porque está namorando uma garota que acabou de chegar e que morre de medo de se demitir.

A última novidade é que o Dragão alugou um apartamento em frente à agência do Careca e colocou um detetive particular pra vigiar e tirar fotos.

A coisa mais hilária é que ninguém sabe o que ela acha que está vigiando, já que a agência é só isso, uma agência de tradução, onde pessoas vão pra trabalhar e mais nada. Quando esse cara que ainda trabalha pra ela apresentou a carta de demissão, mês passado, o Dragão e seus coiotes o aterrorizaram com mil ameaças vazias (como fazem sempre), tiveram a sorte de deixá-lo sem reação, mostraram uma foto dele entrando na agência do Careca (aonde ele tinha ido fazer uma entrevista de emprego) e ele, apavorado, desistiu da demissão e ficou. Assim ficamos sabendo do lance do apartamento e do investigador.

É ou não é como estar dentro de uma novela da Globo? Mas usando um modelo americano, aqueles que não terminam nunca, tipo Days of Our Lives. Você acha que chegou ao clímax, e aí uma outra coisa bizarra vai e acontece. Tô rindo até agora.

ender’s game

Normalmente quando termino um livro já sei o que vou ler depois. Os livros meio que me chamam, sabe, eu passo na frente da estante e digo mamãe já vai, querido, espera só um pouquinho. Mas quando terminei Neuropath tive que estudar pras provas e dei uma pausa na leitura e perdi o ritmo. Essa noite tive insônia e fiquei passeando em frente à estante pensando no que ler, quando meu olhar bateu no Ender’s Game, que comprei em Ottawa, se não me engano. Orson Scott Card é um mormon, e além disso (ou talvez por causa disso…) é um idiota, mas ele definitivamente sabe escrever. Sentei na minha poltroninha IKEA com o livro na mão e só saí do transe de manhã, com o livro terminado.

Não é à toa que ganhou um Hugo e um Nebula quando saiu. É simplesmente uma das melhores coisas de sci-fi que eu já li. Qualquer coisa que você ouvir sobre esse livro ou vai ser spoiler ou vai deixar você sem vontade de lê-lo, então simplesmente confie em mim, em todos os leitores fiéis e nos prêmios que ele ganhou e vá catar esse livro. Vale a pena. A história é bem construída, os personagens são ótimos, não há buracos nem fios desatados, e tem tantos insights interessantes que é usado como livro texto de psicologia militar nas academias americanas. LEIAM.

ontem

O dia ontem foi animado.

Passei a manhã trabalhando como intérprete pra um pequeno grupo de indianos em Bevagna. O dia estava lindo, a estrada corta campos de girassol em flor, quem me arranjou esse lance foi a Vanessinha, que trabalhou comigo lá no manicômio e que eu adoro e ia estar lá pra gente fofocar. Cheguei cedo e enquanto estava estacionando ela ligou pra dizer que eles estavam atrasados e que depois explicava. Então aproveitei pra dar umas voltas na cidade, que eu não conhecia de dia pois sempre vamos lá em junho, pra festa das Gaite, e estamos acostumados a ver Bevagna no escuro e entupida de turista e de moradores usando roupas medievais. Levei a minha mãe lá na primeira vez em que ela veio, mas não lembrava mais de nada, então foi um passeio legal. Comprei pão fresquinho, bati papo com a padeira, comprei alface pro almoço e fui pro museu esperar Vanessinha e os indianos. O atraso foi de quase 20 minutos porque um dos caras cismou de rezar na hora de sair e segurou o grupo todo. Se eu não tivesse zilhões de motivos gigantes pra odiar toda e qualquer religião, essas pequenas coisas bastariam…

O tour inicialmente incluía uma visita aos quatro “mestieri” (“métiers”) que ficam abertos o ano todo, uma às termas e uma ao anfiteatro romano. Por causa da rezação idiota do imbecil o anfiteatro ficou de fora. Mas os mestieri mais do que compensaram a chateação. Eu comentei que quando fomos jantar lá com o garoto da África do Sul vimos a fabricação da seda, o sistema pra torcer o fio e os teares pra fazer o tecido. Então; fomos lá outra vez, depois vimos a fabricação do papel, depois de velas e finalmente o estúdio de pintura. Esses quatro ficam abertos o ano todo porque a produção é toda vendida, com a exceção da seda: não há mais criação do bicho-da-seda nessa parte do país, mas como eles têm uma máquina de torcer fio construída tim tim por tim tim seguindo as descrições de um documento encontrado em Lucca com data de 1352, e essa máquina é única no mundo e foi uma pequena revolução industrial na época, também fica aberta aos visitantes o ano inteiro.

O lance da seda é o seguinte: os casulos são colocados em água fervente pra desmanchar uma substância produzida pelo bicho que é uma espécie de cola, cuja função original é impedir que o casulo se desenrole. A água quente também tem como objetivo matar o verme imediatamente, porque se ele tiver tempo de tentar escapar pra não morrer cozido acaba furando o casulo. Como cada casulo é feito de um único fio, um furo significa que ele tem que ser jogado fora. Quando os casulos começam a desfiar, ainda na água, uma espécie de maquininha a pedal ou manivela enrola cada cinco fios de uma vez, e é esse conjunto de cinco fios, que ficam colados uns nos outros através dessa cola desmanchada pelo calor, que vai ser torcido e depois usado pra tecer. A tal maquinona revolucionária substituía o trabalho de umas 2000 pessoas, pois em um turno de 9-10 horas de trabalho ininterrupto era capaz de torcer 72 novelos de fio. São 360 torções a cada 70 centímetros; imaginem isso tudo feito manualmente. Quem operava a máquina era uma coitada que sentava numa espécie de banquinho dentro da própria máquina e ficava caminhando em marcha a ré, empurrando a estrutura interna, que é giratória; através de um sistema de parafuso sem fim os novelos giram, e um arame com uma forma particular na ponta de cada novelo, girando, torce o fio. É difícil de explicar; quem quiser pode visitar o site aqui(em italiano). Quem quiser só ver a foto clica em “Foto” na esquerda, depois em “I Mestieri” e finalmente em “Il Torcitoio”.

O papel também é feito com a ajuda de uma espécie de máquina, alimentada pela energia de um moinho de água. O papel não é vegetal, mas feito com trapos de tecido (principalmente linho e juta), que ficam de molho na água com cal viva pra quebrar e esbranquiçar as fibras. Aquela massa depois é colocada em tanques, onde vai ser massacrada por essa parte mecanizada do processo, uns negócios tipo uns martelos que batem, batem, batem, até transformar os trapos em uma polpa. Essa polpa depois vai pra um tanque com água e sal (conservante), é recolhida manualmente em uma espécie de tela já no formato A4 que todos amamos e conhecemos, escorre um pouquinho, e é virado em cima de um pedaço de tecido apoiado sobre uma espécie de sela. Várias camadas desse tecido, cada pedaço com a sua folha de papel, são empilhados e colocados sob uma prensa, pra eliminar a água em excesso. Cada peça (tecido + papel) então é tratada com um líquido fedorento, resultado da fervura de ossos de animais e restos de pergaminho, pra impermeabilizar o papel e deixá-lo resistente ao longo do tempo (mérito da proteína animal presente nesse líquido). Sem esse tratamento final seria como escrever com caneta-tinteiro em papel higiênico, sacam. O papel chegou à Europa da China através dos árabes, que no entanto tratavam o papel, como os chineses, com extratos vegetais. Não fedia, mas também não durava nada, e essa técnica fedorenta transformou os italianos em mestres da arte de fabricação do papel reconhecidos no mundo inteiro. Enfim, depois do tratamento fedorento rola uma prensa de novo, e depois as peças são penduradas pra secar. Depois de secas as folhas de papel se soltam facilmente do pedaço de tecido, e estão prontas pra usar. Não preciso nem dizer que comprei logo um caderninho micro de papel feito ali mesmo e encadernado também manualmente em couro. Lindo.

Depois fomos ver a fabricação de velas. Vela de rico, feita de cera de abelha, que não fede nem faz fumaça, ao contrário das velas de sebo que os pobres usavam. Você derrete a cera em banho-maria, de modo que a temperatura não passe nunca dos 85 graus. Pendurado por cima do panelão tem uma espécie de roda com os pavios, feitos de fios de juta torcidos, pendurados nos raios. Cada pavio recebe um banho de cera derretida com a ajuda de uma concha, daquelas de feijão mesmo, por 20 vezes, até que se criam esses “charutos” compridos. Enquanto ainda estão morninhos, e portanto macios porque a cera não endureceu completamente, cada dois desses charutos são torcidos juntos, pra virar uma vela bonitinha e com a vantagem de gerar mais luz do que velas “single”, já que são dois pavios queimando juntos. A cera de abelha é muito melhor do que o sebo porque não escorre e queima até o final. E você sabia que a palavra italiana pra band-aid é cerotto porque quando alguém se cortava bastava cobrir a ferida com um pingo de cera derretida?

Finalmente o estúdio do pintor. Vimos a preparação dos pigmentos minerais e vegetais, as receitas das cores anotadas em carvão na parede, a preparação das tábuas de choupo tratadas com gesso, a preparação do fundo da tela com terra di Siena, depois o alisamento com uma espátula de ágata, a aplicação de folhas de ouro e a pintura final. Muito interessante.

As termas também são lindas, os mosaicos em preto e branco visíveis no chão, mas não tem uma história interessante por trás, então vou parar de chatear vocês.

Vocês não ficam impressionados de ver como a memória da gente é seletiva? Eu reli Ask the Dust (tá, em parte) pra prova de literatura mas como absolutamente odeio esse livro não lembrava de nada e não respondi nada, e acabei com um 23/30. Mas lembro de todos os detalhes da máquina de tecer o fio da seda. Acho sensacional isso.

de novo

Não sei se vocês perceberam, mas estou com viajite aguda esse ano. Além das viagens já marcadas pra Barcelona no final de julho, Istambul em agosto e Rio em setembro, acabei de comprar uma passagem pra Paris pra outubro, onde vou me encontrar com a Lulu (de Luxemburgo ;). 100€ com a Vueling, horários mais decentes do que os da Ryan Air e da EasyJet. A Ryan Air tinha passagens a zero euros, que com taxa e tudo saíam a 50 paus, mas te deixa em Beauvais, que está a uma hora de Paris. Você tem que adicionar os 13 euros de ônibus na ida e mais 13 na volta; somando a isso as duas horas a mais de viagem, não tem sentido, vira epopéia de pobre. A EasyJet sai de Roma Ciampino e desce em Orly, mas como a Lulu vai pra Paris depois de uns dias aqui com a gente (e em Roma, que é tudo na vida), e ela sai de Fiumicino, achei mais fácil pegar um vôo que sai do mesmo aeroporto e também desce no CDG. O preço era o mesmo, então beleza.

Esse 2008 está sendo o ó, né não :)

fidibéqui

Uma das muitas coisas legais de ensinar são os ex-alunos.

Lembram daquele curso que fiz ano passado em Foligno, que era uma turma só de moças? Acabo de receber um e-mail de uma delas, a mais esperta, dizendo que volta e meia dá uma olhada aqui pra ler o blog (ela fala espanhol) e que viu que eu estava de viagem marcada pra Barcelona. Deu uma dica de restaurante que quando eu voltar espero poder compartilhar com vocês. E me convidou pra cerimônia de entrega dos diplomas (!), quando rolar.

Um outro ex-aluno agora está na China, trabalhando como voluntário nas Olimpíadas, e toda hora me manda uma foto. Chegamos a nos encontrar em Foligno naquela época do curso pros policiais, quando ele veio tirar umas dúvidas de gramática e contar as novidades.

O arquiteto, que é aluno e não ex porque ainda vem aqui em casa ter aula, trouxe bombons de gianduia divinos de Turim quando esteve lá pro congresso internacional de arquitetura.

A oncologista, uma das minhas alunas preferidas lá na escola, me ligou mês passado gritando no telefone que finalmente ia casar, e mandou o noivo pra ter aulas comigo. Deve estar voltando da lua-de-mel e não vejo a hora de revê-la.

É tão legal reencontrar essas pessoas! Não sei se sou eu que dou sorte, pois a maioria dos meus alunos é legal, ou se eu sou seletiva mesmo e simplesmente vou largando os chatos pelo caminho. O fato é que todos os meus alunos mais legais e espertos viraram amigos interessantes e todo mundo mantém contato de alguma maneira. E todos eles têm sempre alguma coisa a ensinar.

Life is good.

o porão do fundo do poço tem subsolo

Depois que os magistrados começaram a se revoltar depois daquele decreto-lei ridículo que interrompia processos considerados “menos graves” (leia-as aqueles em que o Berlusconi está envolvido), imaginem o que o governo fez: prometeu esquecer esse decreto-lei se o Senado aprovar outro que dá imunidade TOTAL aos 4 cargos mais altos do governo (presidente do conselho dos ministros, que é o próprio Berlusca, presidente da república, presidentes do Parlamento e do Senado).

E vocês aí reclamando do Daniel Dantas.

neuropath

Então. Falei que tava curiosa pra ler esse livro. Eu já tinha lido o primeiro capítulo online, e tinha achado a idéia genial mas o estilo meio assim assim. O livro inteiro fica nisso. A idéia é realmente boa, e meio creepy, se você pensar que nada do que ele descreve é totalmente impossível, improvável ou até mesmo distante: temos um serial killer que altera os circuitos cerebrais das vítimas, induzindo coisas bizarras como medo eterno nonstop (e gritos idem), incapacidade de reconhecer rostos (inclusive o próprio), etc. As explicações fazem muito sentido e tudo soa muito real. Mas a maldição dos escritores atuais é a ambição de contar uma história já pensando no filme horrível com o Nicholas Cage que vai sair depois. Eu simplesmente ODEIO livro pré-pensado pra ser filme. ODEIO, e aquilo fica me irritando o tempo todo, até o ponto em que eu não consigo mais prestar atenção na história em si porque estou mais preocupada em achar as pentelhações cinematográficas desnecessárias. Neuropath é meio assim, mas de qualquer maneira achei interessante. Comprem usado da Amazon que vale mais a pena.

repassando…

…da Cora:

“Amigos,

No momento a Sozed abriga cerca de 200 animais entre cães e gatos, sendo que grande parte deles vive em canis abertos no quintal, para que fiquem soltos, possam correr e socializar com outros focinhos.

Está fazendo muito frio, principalmente à noite e, infelizmente, temos poucas cobertas para proteger os animais. Eles estão abatidos e tremem bastante, pois apesar de termos uma área de proteção contra chuvas, o vento gelado é constante. São muitos animais e as doações que recebemos há dois anos não estão sendo mais suficientes.

Se você tem uma toalha usada, um cobertor ou uma manta que não vá mais usar, por favor, doe para a Sozed, pois nossos animais estão realmente passando muito frio. Dependendo da localidade podemos ir buscar a doação, ou você pode deixar na Sozed, que fica no Rio Comprido, e aproveitar para você mesmo aquecer os focinhos!

Teremos feirinha de adoção neste domingo, dia 13 de Julho, no Parque do Flamengo, entre a Rua Dois de Dezembro e Rua Buarque de Macedo, das 10hs às 14hs. Você também poderá fazer lá a sua doação.

Se você não for do Rio, pode ajudar doando qualquer quantia para que possamos comprar os cobertores.

CONTA PARA DEPÓSITO:

BANCO ITAÚ
CONTA 09270-7
AGÊNCIA 566-3

A conta está em nome da SOZED, CNPJ sob o nº 62.702.774/0001-11.

Nosso telefone para contato é (21) 2273-8233.

Os animais aguardam ansiosos a sua doação!”

Eu faço doações à SUIPA e à ABEAC (que conheci via marinaw) sempre que posso. E você?

bichos

Eu me dou relativamente bem com insetos. Só não gosto mesmo dos domésticos que enchem o saco, leia-se formigas, baratas, moscas e mosquitos. De resto não tenho grandes problemas – mas claro que quando um besouro vem voando na minha direção aquela aceleradinha da freqüência cardíaca rola – e também não tenho horror a outros bichos tipo aracnídeos em geral, lagartixas etc. Aqui em casa tem duas aranhas, o Geraldo e o Paolo (em italiano aranha é masculino, por isso dei nome de homem), que chegaram aqui pouco depois que nos mudamos. Vou limpando as teias que eles abandonam, com seus casulos vazios de jantares mosquíticos, mas os deixo quietos. Super amigos.

Depois tem as abelhas, das quais já falei. Acho abelha o máximo. Aliás, acho todos os insetos sociais o máximo, fascinantes, desde que não venham pra cima de mim, lógico. Continuo podando as flores à noite quando as abelhas estão mimindo, mas quando saio pra varanda de manhã cedo, pra primeira regada, não posso deixar de sorrir ao vê-las todas entretidas com os meus cravos.

Só que esse verão tá pior. Não estamos no térreo e por isso as moscas e mosquitos são poucos, mas o que tem de bicho esquisito invadindo a nossa casa não tá no gibi. Aquelas mariposas pequenininhas e achatadas, que ficam grudadas na parede parecendo uns adesivos, estão particularmente à vontade aqui no escritório. Volta e meia acho minhoquinhas ou centopéias no chão da sala, umas primas do bicho-bola, porque quando eu encosto nelas com um pedaço de papel pra levá-las lá pras plantinhas elas se enroscam todas. A horta da Arianna foi invadida por formigas que fazem casas subterrâneas tão grandes que se acontece de estar perto das raízes de uma planta, com a erosão a coitada não agüenta e cai – os arbustos de lavanda são particularmente suscetíveis, aparentemente. Outro dia achei um besouro GIANT no nosso banheiro, lindo, verde metalizado. O lance é que normalmente essa bicharada toda fica letárgica durante o inverno longo e frio, mas o último inverno não foi nem uma coisa nem outra, e aparentemente todo esse povo que deveria ter ficado dormindo, com o metabolismo lá embaixo, ficou acordadão e, sem nada melhor pra fazer, se reproduziu. Então agora não temos só os acordados, mas os acordados e a sua prole. É uma coisa impressionante.

Repito: de modo geral esses bichos não me incomodam. O meu problema, senhores, são as vespas. ODEIO vespa. O-D-E-I-O. E não sei o que é que esse nosso prédio tem que as vespas AMAM. No verão passado a vizinha de cima, a “soldada” que marcha dentro de casa com sapato de salto alto o dia inteiro, teve que chamar uma empresa especializada, porque quando ela percebeu o vespeiro pendurado no teto da sua varanda ele já estava grande feito um melão e não dava pra encarar com Baygon e vassoura, que é o que eu faço. Eu também destruí umas duas proto-casas de vespas. Esse ano já foram três, uma no meio dos cravos, uma no meio do alecrim – que sacrilégio! – e uma pendurada na varanda da soldada. Eu fico morrendo de pena, porque, coitadas, dá um trabalhão danado e tal, é bonitinho, aqueles buraquinhos todos perfeitinhos, com as tampinhas brancas e uma pré-vespa dentro cochilando e comendo, mas pô, não dá, né. Afogo todo mundo com Baygon, dou uma vassourada na casinha, e depois que todas as vespas estão mortinhas da silva é que eu vou lá varrer tudo e jogar no lixo. Estar no topo da cadeia alimentar tem suas vantagens, after all.