Botei umas fotos de Castiglione della Pescaia e das ilhas do Arcipelago Toscano, cês viram?
ela
Meu pai comprou os dois CDs da Marisa Monte na última vez em que esteve no Rio, e me mandou pelo correio. Como ainda não tenho CD no carro, porque o meu pifou logo no primeiro dia de uso, lembram?, praticamente só escuto quando saio de carro com o Mirco. Por meses a fio só o Universo ao Meu Redor ficou no carro, e pouco a pouco aprendi a cantar todos os sambinhas – meus preferidos são Meu Canário, que acho uma delícia, e Vai Saber?, que é de uma sofisticação danada com todos aqueles Morelenbaums tocando (a música é daquela chata da Calcanhoto, mas não importa). Quando fomos a Castiglione della Pescaia resolvi levar o outro, Infinito Particular, pra ouvir na estrada.
Eu quero que alguém me explique o que é essa Pra Ser Sincero. Hoje peguei o carro do Mirco pra trabalhar e fui e voltei chorando, ouvindo essa música no repeat sem parar. O quê que é issoooooooo? Como deve ser lindo ser talentoso desse jeito. Assim eu perdôo até a sacanagem do CD protegido.
maldita
O problema da IKEA é que você olha o catálogo e quer viver cem vezes pra ter cem casas diferente, todas iguais às que eles montam nos catálogos e nas lojas. As cozinhas? Dá vontade de ter mil, com ilha, sem ilha, com armário com gavetas extraíveis, sem gavetas extraíveis, com vários baldes pra tipos de lixo diferentes, com aqueles potinhos todos lindos dentro, cheio de coisas gostosas. E não adianta saber que os móveis são vagabundos; a vontade é a mesma. Ô marketing desgraçado.
Domingo provavelmente vamos dar um pulo lá.
As Imbecis Contábeis
Fomos agraciados com duas Imbecis Contábeis lá na agência, a Sênior, que se veste como se tivesse acabado de fazer 18 anos, e a Júnior, que não tem pelos nas sobrancelhas (imagino que foram depilados até o seu total extermínio) e por isso as marca com lápis, e ainda por cima usa lápis labial MARROM sem preencher o contorno com batom nenhum. Mas seria tranqüilo se fosse só esse o problema delas, uma coisa puramente estética. O grande lance é que são duas múmias.
Imbecil Contábil Júnior liga pro ramal da Simona.
– Alô?
– Simona, o signor Tostapane (senhor Torradeira) quer falar com você.
– ???
– Signor Tostapane.
– Eu não conheço nenhum Tostapane. Não existe nenhum Tostapane.
– Ah, eu não sei quem é, mas sei que quer falar com você. Vou passar, tá?
– Alô? Bom dia, sou o signor Mazzatani.
***
Imbecil Contábil Sênior liga pro ramal da Simona.
– Simo’, me ajuda a mudar uma informação no banco de dados dos tradutores?
– Agora não posso subir, diz o que é que eu te explico pelo telefone mesmo.
– Não, não, você tem que vir aqui porque eu não toco no banco de dados.
– Imbecil Contábil Sênior, você faz as faturas todos os meses, e a fatura sai automaticamente do banco de dados com o número de laudas e tal, como assim “não toco no banco de dados”?
– Não toco e pronto.
– Fala pelo menos o que precisa mudar.
– É que nós negociamos a nova tarifa pra todo o ano de 2006 [ESTAMOS EM SETEMBRO, ALÔOOOOU] e eu queria mudar essa informação.
– Quanto é o valor?
– X euros.
– E quanto era antes?
– X euros.
– …
– Você vai vir aqui me ajudar?
**
Imbecil Contábil Sênior e Júnior se lamentam do meu relatório mensal das horas trabalhadas. Como eu sou a única que trabalha tanto pra escola quanto pra agência, que são empresas diferentes, meu horário é sempre meio maluco e eu prefiro anotar tudo o que eu faço pra não ficar ouvindo depois, “o que você fez entre seis e seis e meia do dia tal?”. Então anoto TUDO: passei meia hora corrigindo dever de casa pro fulano, passei quinze minutos entrevistando um aluno e outros quinze corrigindo o entry test, perdi meia hora com a mãe de um potencial estudante, e coisa e tal. Imbecil Contábil Sênior acha tudo muito complicado, apesar do cálculo das horas extras ser feito diariamente, com subtotais por semana, e tudo devidamente checado pela Simona, que vai lá no registro dos estudantes checar se eu realmente dei aula àquele aluno naquele horário. Imbecil Contábil Sênior não precisa fazer nada além de, no máximo, refazer a soma das horas na calculadora e fazer meu cheque. Mas Imbecil Contábil Sênior diz que eu preciso avisar se fiz hora extra na agência ou na escola. Já falei mil vezes que minhas horas extras são SEMPRE na escola, porque eu tenho aula depois das seis (o fim do expediente) TODOS OS DIAS. Mas Imbecil Contábil Sênior diz que eu devo precisar direito isso porque senão complica o contracheque. Pergunto à Imbecil Contábil Sênior, mas complica por quê? A tarifa muda se quem me paga é a agência e não a escola? Imbecil Contábil Sênior diz que não. Pergunto se são contas diferentes no banco, pra escola e pra agência, e se portanto essa confusão interfere na contabilidade. Imbecil Contábil Sênior diz que não. Pergunto então por que diabos eu tenho que dizer se fiquei na escola ou na agência depois das seis? CHE CAZZO DI DIFFERENZA FA? Sugiro que, em caso de dúvida, basta trocar as horas: se hoje eu fiquei na agência das seis às seis e meia, porque até as seis estava na escola, finjamos que foi o contrário, que fiquei na agência até as seis e depois desci pra escola. Pode ser? Não, diz a Imbecil Contábil Sênior. Desisto e me sento à escrivaninha quase chorando.
enquanto isso, na sala da justiça…
Meu último aluno de hoje estava vindo de Roma de moto e ficou preso embaixo de um viaduto por causa da chuva. Cancelou a aula, uhuuu, e como Begonia não podia fazer aula, e como o Mirco essa semana está com pouco trabalho, passei na oficina pra pegar o menino e fomos ver o orçamento da cozinha lá pros lados de Perugia.
Rapaz… Como tudo é caro nessa terra, vou te dizer. 7000 euros a cozinha branca, lacada, com eletrodomésticos incluídos. Caro pra cacete. E nem é uma cozinhona assim com ilha, ou uma planta com paredes tortas e reviravoltas acrobáticas. Nada de especial, uma cozinha linear, com um pedacinho pequeno em L, mais nada. 7000 euros. A cozinha que eu projetei usando o programinha da IKEA, também lacada, com eletrodomésticos incluídos, sai por 4100 euros. Só queeeeeeee… Tem um amigo do Mirco, aquele casado com uma garota do Uzbequistão, que é montador de cozinhas. E nos disse pra deixar quieto a IKEA, porque ele já montou muita coisa deles e é uma bosta. Fico meio assim, porque neguinho aqui é muito cheio de frescuras e se a IKEA dá 10 anos de garantia, coisa que ninguém mais dá, não pode ser “elma” (elma merda mesmo, ho ho ho). Mas ele foi enfático, e acabou nos traumatizando. Então não sabemos o que fazer. Bosta. Pobre tem mais é que morrer mesmo.
like dissolves like,
já dizia meu professor de físico-química. Uma chefa idiota só pode estar rodeada de idiotas. Há vários novos idiotas na nova equipe da agência. Alguns são idiotas porque não têm quem os oriente, já que a chefa idiota mandou embora as únicas pessoas realmente competentes, ao mesmo tempo, e não ficou ninguém pra fazer um treinamento com os recém-chegados. E outros são só estúpidos mesmo. Hoje me perguntaram se eu queria ver a tradução em francês de um trabalho que estamos fazendo juntas, eu e J. Fiquei parada no telefone. Tipo assim, eu não falo francês, fofa, leio literatura, não manuais técnicos onde existem 20 palavras diferentes pra “parafuso”. O que raios eu faço com um documento em francês? Haja saco.
vai ser compulsiva…
…assim na casa do chapéu!
Quem é compulsivo em geral é compulsivo com tu-do. Eu sou compulsiva com comida, com livros e com o que mais me der prazer. Depois daquela loucura de baixar a primeira e a segunda temporada de Lost e não sossegar enquanto não vi tudo, agora estou viciada em South Park, de novo.
A primeira vez que eu vi foi na MTV. Ouvia meu irmão gargalhando no quarto, mas quando ia lá ver o que era e dava de cara com aquela animação re-dícula, saía correndo. Até que um dia ele me obrigou a ver e eu tive um acesso de riso, e depois fiquei meio viciadinha por um tempo. Quando estive nos EUA, hospedada na casa da minha amiga gelfi, ficávamos horas vendo os DVDs da série e rolando no chão de rir. Depois que vim pra cá esqueci que existia, até porque aqui ninguém nunca ouviu falar de South Park.
Aí… Estava eu catando sei lá o quê na Wikipedia, no trabalho, quando, por uma questão de labirintismo internetal que te leva a mares nunca dantes navegados através de não sei que link, caí na página do South Park na Wikipedia. E a comichão começou. Assim que cheguei em casa botei o eMule pra trabalhar, e desde então todo dia vejo um episódio de manhã cedo, antes de ir pro trabalho. O problema é que as musiquinhas grudam na orelha, e volta e meia me pego rindo sozinha feito uma idiota, cantando “Sexual Harassment Pan-da!”. Outro dia tive um ataque de riso no chuveiro tão violento que o Mirco veio ver se eu tinha batido com a cabeça or something.
O outro vício é Dr. House, que começamos a ver por acaso porque passa depois de CSI Miami às sextas. Como perdemos o início da série, e freqüentemente caímos no sono e perdemos o fim dos episódios, comecei a baixar a primeira temporada. E aí quem viciou foi o Mirco, que depois do jantar pergunta sempre se temos um House queimado pra ver. E toda hora tenho que parar pra explicar alguma coisa (do pouco que me lembro), tipo lúpus eritematoso sistêmico, MARSA e outras coisas que eu nem sabia que lembrava. Como eu adoro explicar, em vez de 40 minutos levamos uma hora pra ver cada episódio :-P E agora dá licença que vamos ver o episódio 13.
non ci posso credere!
Finalmente, senhores… A civilização.
Japinha lindo e Barbara, aguardem-nos. Váaaaaaaaaarios almoços em Londres. E aqui no interior do Butão também, lógico.
Dejan, o garoto sérvio que abre a oficina de manhã cedo, acabou de ligar dizendo que ladrões entraram na oficina essa noite. Dessa vez arrombaram até o escritório, o que não aconteceu da outra vez. Ainda não sei os detalhes, mas digo e repito: pobre tem mais é que morrer. Porque VAI SER AZARADO ASSIM NA CASA DO CA-RA-LHO.
:)
Que a televisão italiana é uma merda vocês estão carecas de saber. Mas nem tudo é um horror. No verão, quando ninguém vê TV porque está “al mare”, de preferência tarde da noite, quando todo mundo está jantando fora, passam coisas interessantes. O melhor da TV italiana, na minha opinião, é SuperQuark.
Quem apresenta é um senhor hiperultramegadistinto, Piero Angela. O cara é um lor-de. Sempre de terno e gravata muito sóbrios, fala bem, em tom de voz NORMAL, explica tudo muito bem explicado mas sem tratar o interlocutor como deficiente mental, e sobretudo os assuntos do programa, que sinceramente não sei até que ponto é ele que determina, são sempre interessantérrimos. O programa começa sempre com um longo documentário inicial, normalmente BBC ou outro órgão competente, e depois há várias seções internas, sempre, sempre, sempre interessantes. Até quando falam de coisas que eu ignoro completamente porque detesto a coisa é interessante. Também falam dos antigos romanos, de objetos antigos (como se fazia antigamante pra passar roupa, esquentar a cama, etc), de como pensam os animais, e esse ano fizeram uma série legal chamada “viaggio di un boccone”, mais ou menos “viagem de uma porção de comida” (traduzam boccone como mouthful), co-apresentada pelo professor Cannella, que ensina nutrição em una universidade em Roma e é figurinha fácil na televisão. Outro senhor distinto, logicamente, ao contrário do outro especialista de comida arroz-de-festa, o doutor Calabrese, que é só um italiano babaca que fala berrando. Seus entrevistados são sempre cientistas ou estudiosos de altíssimo nível, praticamente todos morando fora da Itália porque aqui não se faz pesquisa (rings a bell?). Todos com ótima dicção, idéias claras e coisas interessantes a dizer sobre suas profissões. E Piero Angela sempre aproveita a oportunidade pra bater nas mesmas teclas: é preciso estudar, é preciso investir em pesquisa. Eu amo esse homem.
No último programa Piero Angela entrevistou a maior harpista italiana, uma senhora plastificada de uma antipatia ímpar que qualquer outro italiano teria estapeado na frente das câmeras mesmo. Ele, o lorde, nem se alterou, e ainda botou oclinhos e tocou piano com ela. Porque lordes, lógico, tocam piano. Me deu vontade de ir lá abraçá-lo, de tão fofo. Essas coisas são tão raras por aqui que quando vejo, me emociono.