furacão na política

Rapaz, o negócio tá pegando fogo aqui na Bota.

O causo é o seguinte: a Lega Nord é um partido de extrema direita xenófobo e católico (interessante como esses dois adjetivos frequentemente andam juntos…), que desde sempre deseja a separação da Padania – invenção deles, lógico; seria a área da Pianura Padana, ou Planície Padovana, uma grande área de planície ao redor da cidade de Pádua e irrigada pelo rio Po, que por sinal era um deus pagão – do resto da Itália. A cor da bandeira do partido é verde e os seus membros estão sempre usando alguma coisa verde na roupa – gravata, lenço no bolso etc. A quantidade de energúmenos desse partido é uma coisa impressionante, lógico. E o chefe-mor o partido é, desde sempre, Umberto Bossi, chamado “il Senatur” (“o Senador” em dialeto lombardo), membro do altíssimo escalão da política italiana. Que sofreu um AVE há alguns anos que o deixou com algumas sequelas, inclusive com problemas pra falar, mas que não larga o osso nem fodendo.

A família Bossi meio que comanda o batatal lá no norte. A mulher dele é vice-presidente do Senado (acabou de renunciar…), além de aparentemente mandar no marido lá das coxias. E já tem um tempinho que o Umberto começou a enfiar o filho, Renzo, na política. O apelido do filho é “il Trota”, “o Truta”, nunca tentei me informar sobre o motivo mas a cara de peixe morto poderia ser uma boa justificativa, quê que vocês acham?

(na foto, il Trota e o pai, provavelmente cantando o hino da Padania ou coisa assim)

Pra dar uma ideia do quão ridícula é a coisa, há um tempo atrás rolou uma polêmica eLorme porque o Bossi falou em uns comícios dizendo que se recusava a cantar o hino italiano porque há um verso que diz “escrava de Roma [a Itália]/Deus a criou”, enquanto que o norte se recusa a obedecer a Roma. Então tá.

Enfim. Essa semana o Bossi pai renunciou à sua posição de presidente da Lega Nord por causa de uma história de desvio de verbas. Ficou-se sabendo que sei lá quem estava pagando as reformas da casa da família Bossi, uma megamansão, e a resposta do Bossi pai? “A gente não sabia de nada”. Aliás, essa é uma desculpa que anda na moda aqui ultimamente; um figurão da máfia pagava o aluguel de um apartamento em Roma, com vista pro Coliseu, pra um político famoso, e ele respondeu que não sabia da nada. Hilário. Mas então; a secretária do Bossi pai já prestou depoimento falando que é claro que a família sabia de tudo, que recebia dinheiro de um monte de gente em troca de favores políticos, que usava os fundos que o governo dá aos partidos pra pagar as despesas da família, pra investir em contas em Chipre e na Noruega e coisa e tal. Neguinho começou a fazer pressão e ele renunciou.

Aí agora começam a aparecer os mil podres do filho, esse sem queixo com cara de banana. O garoto, que acabou de renunciar ao cargo de Conselheiro Regional da Lombardia (whatever) com a desculpa oficial de que “cansou da coisa”, apesar do salário mais alto do que o de um parlamentar europeu, é uma anta. Mas anta, anta, anta mesmo. Repetiu de ano duas vezes na escola e parece que o diploma que ele finalmente conseguiu ou é falso ou foi comprado. Agora o seu motorista particular prestou depoimento e soltou inclusive um vídeo no qual il Trota aparece contando dinheiro, o que deveria ser verba pra administração do partido mas que ele gastava como queria.

Tá pensando que essa casa da mãe Joana na política é só no Brasil, bem? Né não…

Pra quem quiser mais detalhes, há uma lista dos artigos recentes sobre o assunto (em italiano) aqui.

olá, bom dia, tudo bem? – só sir david salva

Fiquei longe por problemas logísticos mas já vortei.

Viciei todo mundo aqui em documentários aqui em casa. Sempre adorei, mas vamos combinar que em Blu-ray são outros quinhentos, de modo que só comecei a comprá-los recentemente. O Mirco viciou, embora não entenda tudo porque só compro em inglês, e ainda bota toda vez que vem alguém comer aqui em casa.

O negócio começou inocentemente, com o Human Planet, que descobri na Amazon através de um link do preview no YouTube que alguém postou no Facebook (já nem sei mais quem amaldiçoar nessa história, pois o fato é que esse episódio iniciou uma bola de neve de esvaziamento de conta corrente).

Se você ainda não viu, interrompa o que quer que você estiver fazendo agora e vá comprar. AGORA.

Mais recentemente saiu o amiguinho dele, o Frozen Planet, que também é maravilhoso.

E acabei comprando também esse, esse, esse, esse, esse, esse

O que a maioria desses DVDs têm em comum é a narração, quando não a apresentação, de Sir David Attenborough, que é a coisa mais fofa do universo. Outra característica de todos esses é que a qualidade das imagens, feitas com novas técnicas de filmagem, é de assustar, de babar, de ajoelhar e chorar de emoção. E outra ainda é que estão muito longe de serem os clássicos documentários com guepardo caçando/urso polar fofinho/pinguim rebolando/camaleão mudando de cor. Tem tudo isso, sim, mas de um jeito diferente de tudo o que você já viu, sob um enfoque muito diferente, com várias coisas nunca captadas em filme antes, comportamentos bizarros antes desconhecidos e coisa e tal. Eu já vi todos várias vezes e nunca me canso. O Human Planet, em particular, que fala de gente e não de bicho ou planta, é absolutamente sensacional. Aqui em casa usamos como educador dos nossos amigos “pangarés”, como diz a Fabiola, que nada sabem de coisa nenhuma, pra mostrar que em outros lugares do mundo as pessoas vivem de maneiras radicalmente diferentes do que nós estamos acostumados, e passam muito bem, obrigada.

Falando de seres humanos, tenho esse aqui também (ainda não tinha em Blu-ray quando comprei), que é antigo mas BEM interessante. Uma senhora aula de história bem diferente do que estamos acostumados a ver, com enfoque na arte. E esse outro, que fala dos primórdios da civilização, também muito bom.

Criamos uma nova rotina, eu e a Carol: a soneca depois do almoço não é mais na cama, até porque normalmente eu vou pro escritório onde ela dorme, pra trabalhar enquanto ela tira a sonequinha dela. Deitamos no sofá da sala – ela em cima de mim; ainda bem que é magrela – e botamos um documentário qualquer. Ela consegue ver uns 10 minutos e depois capota (um dia vou entender por qual motivo a soneca da tarde é tão simples e o sono à noite tão complicado); eu vejo o resto do episódio, levanto com cuidado, boto uma cadeira colada no sofá pra ela não cair e vou trabalhar. Adoro.

carolinices

– Mamãe, não quero mais usar fralda pra dormir não.
– Ah não?
– Não. Porque não dá pra coçar a bunda de fralda.

**

– Amanhã, quando eu ficar grande, vai crescer um rabo de sereia em mim.

**

– O Cristian é muito chato.
– Por quê, Carol?
– Porque ele me machucou aqui na minha ganganta.

**

– Hoje eu não quero botar o jaleco.
– Ué, por quê?
– Porque esse casaco que eu estou usando é muito lindo e eu não quero tirar.

**

Três e meia da manhã.
– Mamãe… Viu que tá tudo molhado aqui?
(tinha feito xixi na cama)

**

– Eu quero ir de Crocs pra escola hoje.
– Mas esse tá ficando apertado, não dá pra usar de meia, Carol. E ainda não tá calor o suficiente pra andar por aí sem meia.
– Então eu quero levar na mão.
– E vai botar onde? Não dá pra levar pra sala de aula.
– Eu boto no bolso do jaleco.

Detalhe: o bolso é microscópico.

*curry

Eu AMO curry. Amo amo amo amo amo amo amo. Muito mesmo. Por mim comeria todo dia, com tudo, e também não me incomoda o cheiro que fica na casa, sinceramente. Uso no frango, no arroz, na lentilha, na carne (quando ainda comia carne vermelha), quando me dá uma louca até na água do macarrão, embora ultimamente eu tenha usado cúrcuma na água de cozimento de praticamente tudo. Só não pode ser picante demais porque aí a coisa perde a graça.

Quando fomos a Istambul, no começo do meu segundo trimestre de gravidez, ficamos enlouquecidos com as mil especiarias no bazaar. Não trouxemos muita coisa porque vai perdendo o cheiro, mas acabou tudo tão rápido que nos arrependemos: eram um pacotinho de curry (um que eu escolhi dentre vários da loja), uma de tempero pra kafta (ainda tenho um tiquinho; uso pra fazer hamburger mas o Mirco não é muito chegado, então ele tá lá no potinho, lentamente perdendo as propriedades organolépticas) e uma outra que não lembro mais. O curry era sensacional e acabou logo. Então saí correndo atrás de mais.

Só que aqui não existe nada “étnico”, néam. Italiano é alérgico a qualquer coisa que venha de mais de dez quilômetros de distância. Achei uma vez um curry inglês MUITO BOM no meu supermercadão querido, o Ipercoop, mas nunca mais vi a marca, e depois que acabou o meu, fiquei órfã. O Mirco, que não tem os anos de experiência em leitura de etiquetas como eu tenho, comprou um potão gigante de curry na Metro ano passado (tipo o Makro) que não só não tem gosto de nada, mas leva fécula de batata na composição. Sem comentários.

Então eu queria fazer uma pergunta ignorante e um pedido cara-de-pau: existe curry sem pimenta vermelha? Porque eu não tenho seguido à risca a dieta da psoríase por condições alheias à minha vontade neste momento, mas quando passar essa fase vou entrar de cabeça. E a dieta proíbe pimenta vermelha. Alguém sabe me informar? (olha a preguiça de googlar aí, gente…)

O pedido: alguém que more em algum lugar que tenha coisas “étnicas” – odeio essa palavra mas tudo bem – poderia me fazer a gentileza de me mandar um pouco? Eu mando um salame de javali em troca.

A gerência

quinoa

Quem foi que comentou outro dia que quinoa não tem gosto de nada? Acho que foi a Ana, no Facebook, porque aqui nos comentários não achei nada.

Mas quem quer que tenha sido, tem razão: quinoa não tem gosto de bissolutamente nada. O que na verdade pode ser uma bênção, pra quem tem que dar preferência a ela (e ao milhete e ao amaranto, que são alkaline-forming, lembram?) em vez de outros grãos e cereais, e é chata pra comer (eu). Como não tem gosto de nada, também não incomoda. E tem uma grande vantagem: a little goes a long way. A bichinha rende que é uma beleza! Normalmente faço em torno de 30 gramas, e dá uma porção eLorme.

Hoje era dia de peixe: escolhi salmão, que fiz na churrasqueira elétrica na varanda pra não feder a minha casinha. Como já comi arroz ontem e vou comer hoje no jantar também, e também não tava no clima de macarrão, fui de quinoa. Pra coitada não ficar totalmente insossa, fiz assim: primeiro refoguei uma cebolona gigante em pouquíssimo azeite, fogo bem brando, até ficar tudo molinho e dourado. Separei a cebola e na mesma panela dei uma refogada na quinoa, joguei vinho branco e esperei evaporar (como se fosse um risoto), depois juntei a água, cúrcuma, gengibre em pó e curry*. Quando já tava quase cozida joguei uma abobrinha inteira em cubinhos, pra não ficar cozida demais que dá pena de tão ruinzinha. Depois de tudo pronto, joguei a cebola refogada.

O salmão foi na churrasqueira sem nada; temperei com azeite, sal e mix de pimentas raladas na hora, já no prato. E ainda rolou uma cenoura inteira ralada crua e um brócolis inteiro no vapor, sauté em vinte mil dentes de alho porque eu sou uma pessoa alhófila.

Ficou uma delícia. O curry dá o tcham que a pobre quinoa não tem, e como qualquer coisa fica boa na companhia de salmão, não tem como errar.

Outra coisa que faço às vezes é jogar um pouquinho de mix de sementes. Você pode comprar pronta (pelo menos isso aqui agora tem) ou então fazer a sua. Eu uso uma mistura que tem semente de girassol, gergelim e linhaça. Às vezes também uso semente de papoula ou de abóbora. Não dá pra se empolgar muito porque todas têm alto percentual de gordura, mas dão aquele crunch legal a qualquer comida. As panquecas de farinha de grão-de-bico ficam uma delícia com as sementes; saladas idem.

Ainda não tentei cozinhar nem milhete nem amaranto, mas me mandaram botar na sopa de legumes pro jantar, porque eu tendo a não sentir muita fome à noite, acabo não comendo carboidrato e acordo de manhã querendo comer até as paredes. Também quero testar esses outros dois grãos no lugar da quinoa nessa receita de hoje. Marquei a experiência com o milhete pra sexta-feira, depois digo que bicho que deu.

E estou há tempos pra fazer esse pão de quinoa germinada, mas e a preguiça de fazer o leite de castanha de caju? (OK, por favor ignorem a biografia da autora, que fala de espíritos e fadas e sei lá mais o quê; estou interessada é no pão, belê?)

food journal

E já que aparentemente neguinho aqui só gosta mesmo de falar de comida, voltemos ao assunto.

Um dos instrumentos mais importantes pra quem tem distúrbio alimentar e pra quem quer emagrecer, engordar, ficar sarado etc é o diário alimentar. A gente só encontra padrões de comportamento quando consegue ter uma visão geral muito clara do que está fazendo, e isso só é possível escrevendo.

Eu faço diário alimentar há anos; comecei quando fui ao Centro de Cefaleias de Perugia pela primeira vez, há trocentos anos, e me aconselharam porque em alguns casos a causa da enxaqueca é alimentar, mas pra saber se era esse realmente o problema eles tinham que ver o que eu estava comendo. Ao contrário da minha mãe, que tem alguns alimentos que desencadeiam a enxaqueca, eu não tenho; a minha aparentemente era mais relacionada ao sono irregular e ao stress. Mas o hábito ficou. Nunca mais parei de anotar o que como.

Quando perdi peso com o bodybugg, depois da Carol nascer, esse hábito ficou ainda mais sério, porque você marca no site deles tudo o que comeu, faz o upload dos dados do bodybugg e o site faz as contas, pra você saber se está com crédito ou débito de calorias. E como eles faziam um resumo do dia, com a divisão do total das comidas em carboidratos, proteínas e gorduras mostrada em uma pie chart, dava pra ter uma visão bem legal do que exatamente você está comendo, e a partir daí ajustar esses percentuais em função do andamento da perda de peso, de como você está se sentindo, dos seus objetivos. Logicamente aprendi muito sobre o meu metabolismo também, porque saber marromenos quantas calorias você queima por dia é útil pra saber o quanto você pode comer. Claro que entrei numa paranoia de pesar absolutamente tudo e fica muito cansativo, mas depois que você desenvolve uma série de pratos que tendem a se repetir, a quantificação da comida fica visual (que aliás é o método do Vigilantes: uma porção de macarrão é do tamanho de uma bola de tênis, uma de carne é do tamanho da palma da mão sem os dedos, peixe é a palma da mão com os dedos etc), até porque fica impossível pesar comida quando você come fora. Graças a esse período com o bodybugg, por exemplo, eu sei o que é pra mim um café da manhã equilibrado, quais são meus lanches ideais, quais são os quatro ou cinco pratos perfeitamente balanceados pra usar como almoço, e coisa e tal. Muito interessante.

Atualmente eu não conto mais calorias, e só peso carboidratos. Mas continuo anotando tudo. Estou usando as minhas agendinhas mensais da Moleskine, deliciosamente lindas e pequenininhas, leves o suficiente pra levar na bolsa. Prefiro escrever em papel do que salvar no celular, onde tudo fica sujeito à disponibilidade ou não de uma conexão à internet, mas pra quem conta calorias existem várias ótimas apps com bancos de dados gigantes que têm praticamente tudo que é comida (e o que não tiver você adiciona usando as informações nutricionais da embalagem, supersimples). Uma legal é a My Fitness Pal, muito bem feitinha. Quem quiser mais dicas desse tipo me avisa que eu faço uma pesquisa rápida.

Um ótimo food journal é o que vem com o Turbo Fire, e pode ser comprado separadamente. Tem a imensa desvantagem de ser caro, pesado e de não cobrir o ano todo, só as semanas do programa, mas é muito bem feito.

Cada semana (porque progresso, de qualquer tipo, é idealmente medido de semana em semana) começa com uma página pra você anotar o peso inicial, os objetivos e coisa e tal. Cada dia tem bastante espaço pra cada refeição, pra anotar as calorias, se quiser, pra marcar os copos de água que você tomou (pra mim é MUITO útil porque eu sempre esqueço de beber água e vivo desidratada), que programa de malhação você fez, com qual nível de empolgação, como está se sentindo naquele dia, quais suplementos e vitaminas tomou. E ainda tem uma dica diária da Chalene, todas muito bobinhas, lógico, mas algumas divertidas. A minha preferida é a que diz que o melhor exercício pra perder barriga é caminhar. Caminhar pra longe da cozinha… ;-)

Enfim, ajuda. Outra coisa que estou fazendo é a programação semanal da comida, ou seja, planejar antecipadamente quais vão ser os cardápios da semana. Isso tem várias vantagens: você pode fazer as compras se baseando no que sabe que vai precisar, se estiver tudo anotado fica mais difícil pular a cerca (eu, pelo menos, que tenho horror a rabiscar, prefiro seguir à risca o que já está escrito do que encher minha agendinha linda de setinhas, asteriscos e anotações tortas), você consegue enxergar padrões de alteração de peso relacionados ao que você comeu durante a semana. Por exemplo, eu já como queijo todo dia no café da manhã; nas semanas em que uso algum queijo como fonte de proteína no almoço ou no jantar, não emagreço. Mas você só enxerga isso quando está cara a cara com a planificação da semana, e pra isso é importante estabelecer também as frequências semanais. X vezes laticínios, Y vezes ovos, Z vezes carne vermelha, B vezes peixe – tudo isso por semana. Sabendo quantas vezes por semana você pode comer, sei lá, leguminosas, é só distribuir ao longo dos dias e pronto. Fica até mais fácil planejar o prato, sabendo antecipadamente qual vai ser o ingrediente de base. Essa semana eu marquei peixe seis vezes (a dieta da psoríase é cheia de peixe); o almoço de hoje é uma das refeições de peixe dentre essas seis, então fico entre macarrão com brócolis, cenoura e atum ou salmão com arroz preto, salada e abobrinha (meus dois pratos preferidos com peixe).

Parece um trabalhão danado, e é, mas depois de um certo tempo fica tão automático que você faz rapidinho e sem perceber. Ultimamente tenho anotado inclusive o nível de fome antes e de satisfação depois de comer, em uma escala de zero a três. É muito útil pra estabelecer as quantidades ideais; se eu invento um almoço que me deixa satisfeita só no nível 1 e uma hora depois estou com fome de novo, é lógico que preciso mudar alguma coisa nesse almoço, mudar as proporções ou aumentar as quantidades ou adicionar alguma coisa. Se eu chego na hora do almoço sempre morrendo de fome, provavelmente preciso fazer um lanchinho da manhã mais consistente ou aumentar o café da manhã. Se acabo de jantar e me sinto empanturrada, posso diminuir alguma coisa, ou trocar ingredientes. E por aí vai.

Tô falando que vida de gordo é um inferno…

method

Não, não é sponsored post. Sou tiete mesmo.

Nunca tinha ouvido falar deles. Mas aí um dia a Lu, gentil como sempre, me manda de presente, quando a Carol era bebê, um kit com o sabonete líquido e o hidratante pra bebês, na fragrância (doravante chamada “cheiro” senão fica parecendo catálogo da Avon) rice milk and mallow. Mallow, aquele do marshmallow (sim, eu também não sabia nada sobre o assunto, mas fiquei curiosa e fui pesquisar na época). O cheiro é uma delícia e diferente de tudo o que você já sentiu até hoje, especialmente no quesito bebês. Adorei a embalagem esperta, com a tampa do sabonete líquido funcionando como cambuquinha pra enxaguar a cabeça da criança, embora no caso da Carol a coisa não servisse pra nada porque com tanto cabelo era mais rápido usar o chuveirinho mesmo. Adorei a gráfica da embalagem. Adorei o fato de que os produtos eram naturais. Então fui lá no site olhar mais coisas, e virei fã.

Logicamente não vendem aqui no interior do Zaire, mas toda vez que vamos a algum lugar onde vendem os produtos – UK, França, EUA – compramos alguma coisa. Quando fomos a Orlando há um ano compramos aquelas folhas de amaciante que se usam na secadora, no mesmo cheiro rice and mallow, que aliás não estou vendo no site – totalmente viciante, uso direto com a roupa de cama e a casa toda fica com aquele cheiro maravilhoso. Compramos também o sabão líquido pra lavar roupas, que infelizmente não tem no mesmo cheiro, mas o outro perfume que escolhi, fresh air, também é ótimo, bem cheiro de limpinho mesmo, mas sem ser overwhelming como costumam ser os sabões em pó. É concentradíssimo, então a embalagem é pequena (e linda), ocupa pouco espaço, e o lance do pump é bem legal. Uso sempre menos do que eles mandam e mesmo assim lava muitíssimo bem. O amaciante também é ótimo.

Em Paris, em agosto, comprei o refil do sabão pra lavar roupa e esse aqui pra limpar o vaso, que tem uma embalagem maneiríssima e um cheiro delicioso mas não limpa melhor do que os produtos que uso normalmente.

E quando fomos a Boston, em outubro, comprei pencas de coisas pela drugstore.com e mandei entregar no hotel. Compramos esse sabonete líquido pra lavar as mãos que faz espuma e tem cheiro de limonada (a Lu esse ano mandou outros quatro de presente pra Carol; o da Minnie tem cheiro de morango, ela ficou louca), o pump é fácil de usar porque não precisa fazer força e a espuma é fácil de enxaguar. Perfeito pra crianças (e fica lindo no banheiro). Trouxemos o detergente pra lavar pratos, nessa embalagem ma-ga-vi-lho-sa, com cheiro de tangerina delicioso e delicadíssimo pra pele (pra mim, que já tinha mãos sensíveis nas CNTP e mais ainda depois da psoríase, foi uma bênção). O limpador genérico também é muito bom; compramos na versão pink grapefruit, um clássico deles, que é delicioso, e limpa bem. Só não funciona direito pra vidros porque deixa marca. Compramos esse sabonete líquido pras mãos numa versão que não estou vendo no site, de manjericão e com a embalagem preta, MARAVILHOSO. O bicho dura que é uma beleza: está desde outubro enfeitando a pia da minha cozinha e não está nem na metade. Considerando que usamos (o Mirco adorou) todo santo dia… Testei as pastilhas pra máquina de lavar louça também, mas como a água aqui é dura pra cacete e precisa botar a quantidade certa de sal pra não deixar tudo manchado de branco de tanto calcáreo, não deu muito certo. Erro sempre a dose do sal; prefiro comprar as pastilhas que já vêm com sal e negocinho pra dar brilho, tudo junto. É química pra burro mas não tem outro jeito. Mas o cheiro de pink grapefruit quando eu abria a máquina era uma delícia! E também compramos esse sabonete líquido pra criança, mas sinceramente não fiquei apaixonada porque tem uma consistência meio esquisita e tem que jogar muita, muita água pra conseguir enxaguar direito. O cheiro de maçã verde é bem gostoso, apesar de lugar-comum. E trouxemos uns três ou quatro sabonetes líquidos pras mãos diferentes, que ainda não usei.

As embalagens são todas divinas, ficam lindas no banheiro, na cozinha. E o fato da empresa ser “green” também é importante, lógico, não só pra gente usar menos substâncias químicas em casa, principalmente quando tem criança na jogada, mas também pra poluir menos o ambiente, já tão fodido. Os cheiros são todos bem diferentes e ainda por cima eles lançam muitos produtos em fragrâncias que ficam disponíveis por tempo limitado; se eu morasse nos EUA compraria todos que saíssem. CLARO que tudo custa mais do que os produtos que a gente acha no supermercado, mas duram muito, muito mesmo, e a qualidade vale a pena. Altamente recomendável.

hoje

Hoje foi um dia quase histórico. Três coisas importantíssimas aconteceram e outra importantíssima deixou de acontecer.

1) O governo provisório do Mario Monti, totalmente filocatólico, decidiu (com certeza muito a contragosto e só porque a União Europeia ameaçou multar o país se não o fizesse) obrigar a Igreja Católica a pagar IPTU. Gente, cês tão entendendo a magnitude desse negócio? A Igreja vai pagar IPTU! Logicamente só relativo aos imóveis de uso comercial (e mesmo assim já tem gente achando que as escolas católicas devem ser isentadas, embora cobrem como qualquer outra escola particular), e logicamente, como se diz em italiano, fatta la legge, trovato l’inganno – literalmente “feita a lei, encontrado o modo de driblá-la – porque eles não vão dar esse mole. Prevejo uma multiplicação de capelinhas em todos os imóveis comerciais deles, pra justificar um uso como lugar de culto, excluindo assim a necessidade de pagar o imposto. Não importa; é uma coisa colossal isso que aconteceu hoje, porque há cinco anos atrás ninguém jamais sequer pensaria em dizer que eles também têm que pagar. O movimento que se criou na internet pra forçar o fim desse benefício absurdo cresceu de uma maneira quase assustadora; assustador também é o conteúdo dos comentários, que no início eram educados, “acho que eles também deveriam pagar, sabe, é pro bem do país…” e agora são “PEDÓFILOS VAGABUNDOS FILHOS DA PUTA, MORRA, PAPA, MORRA, VÃO PEGAR UMA ENXADA E TRABALHAR NA TERRA PRA VER O QUE É RALAR!”. Me divirto horrores. Não precisa nem dizer que muita gente vai ficar de olho pra reduzir o “inganno” ao máximo. Força, UAAR!

2) Outra novidade: vai ser possível adicionar o sobrenome da mãe aos filhos! Quase chorei quando vi a notícia na televisão. Na verdade já é meio que possível atualmente, porque há precedentes legais, mas nem todo mundo que entra com o pedido consegue, e quando consegue leva em média três anos. Parece que a coisa agora vai ficar muito mais simples, bastando mandar o pedido ao Prefetto (que não corresponde ao prefeito no Brasil), que depois vai decidir se pode ou não mudar. Não vou comentar sobre o poder do Prefetto porque ficar com raiva dá rugas; quem tem que decidir os sobrenomes dos meus filhos sou eu e o pai deles, mas estamos chegando lá. A Itália é quase um país civilizado agora, pelo menos nesse quesito. Baby steps. Eu ainda não tinha mandado o pedido pra dar o meu sobrenome pra Carol porque assim que comecei a me informar melhor apareceram os primeiros boatos de que as províncias seriam abolidas, e como o pedido tinha que ser mandado pra província de residência, achei melhor esperar pra ver no que dava. Semana que vem vou ligar pra Prefettura e pedir mais detalhes.

3) Parece que vai mesmo sair o divórcio breve. Porque atualmente um divórcio leva anos em meio aos labirintos burocráticos. A esquerda radical pede uma versão de divórcio relâmpago, que obviamente não vai colar, mas reduzir o prazo pra um ano é uma coisa linda. Não consigo imaginar o que deve ser querer se separar de uma pessoa, conhecer outra, querer casar de novo e não poder porque a merda do processo leva séculos rolando pra lá e pra cá! Nos fóruns católicos tem gente arrancando os cabelos, gritando aos quatro ventos que trata-se de mais uma ameaça à família tradicional. Ô gente chata que não tem nada melhor pra fazer… Não quer divorciar? Então não divorcia, porra!

Essas três decisões do governo ainda não foram aprovadas pelo Senado (ou Parlamento, sei lá), mas como os noticiários já estão dando a coisa como certa, resolvi ser otimista e acreditar.

4) O que deveria ter sido e não foi: um dos trocentos processos nos quais o Berlusconi está envolvido prescreveu, e o desgraçado não foi condenado (a acusa estava pedindo 5 anos). Esse, na verdade, é um processo de um processo: basicamente ele estava sendo acusado de subornar um fulano pra que mentisse a favor dele em um outro processo que tá rolando há um tempo (não me peçam detalhes que eu já perdi o fio da meada em meio a tantos processos). O tal fulano, que no início parecia que ia mesmo ajudar a condenar o Berlusca, estranhamente deu pra trás e agora afirma que inventou tudo. Haja saco, viu. Agora o pseudonano ainda anda por aí se declarando mártir, pobre perseguido, vítima e coisa e tal. Por que é que não morre logo, puta que o pariu.

bento

Oi.

Não foi outro Pe-que-no Sumiço não; é que juntou gastroenterite do Mirco, neve (leia-se escolas fechadas e Carol enfurnada em casa), gripe (de todos), trabalho (chato) e mais outras coisas e acabei não tendo tempo de escrever.

Meio OT com relação ao trend de posts nutricionais recentes mas não tanto, hoje vamos falar de bentos.

Pra quem não sabe, bento boxes são aquelas caixinhas japonesas lyndas que neguinho usa pra levar comida pro trabalho. Descobri por acaso, nem lembro mais como, e fui parar aqui. As coisas são tão lindas que quando estou irritada vou lá no site passear pra ver coisas bonitas e me acalmar. Acabei comprando algumas, embora na época fosse só porque eram lindas mesmo; não tinha intenção de levar comida pra lugar nenhum.

Depois que comecei a dieta contra a psoríase, que como eu já disse é super restritiva, passei a usar meus bentos. Os modelos que eu tenho não fecham hermeticamente nem podem ir no microondas (tudo isso é especificado no site quando você lê os detalhes do produto), mas pra mim isso não é um problema porque eu só uso no domingo, quando almoçamos na Arianna e jantamos fora. Preparo almoço, lanchinho e jantar de manhã, enquanto o Mirco leva a Carol pra dar uma volta. Boto tudo numa bolsa térmica, que também comprei no mesmo site, e quando chego lá meu almoço ainda está quente. Normalmente vamos ao cinema à tarde, levo meu lanchinho (invariavelmente 5 amêndoas e um iogurte desnatado com uma colher de mel), voltamos, esquento meu jantar (invariavelmente sopa e uma panqueca de farinha de aveia, grão-de-bico ou grão sarraceno) no prato na casa da Arianna e assim já vou comida pro restaurante. Existem modelos que fecham hermeticamente, que vão no microondas, que podem ser lavados na lava-louças, que esquentam usando a porta USB do computador, enfim, tem pra todos os gostos. Eu AMO as minhas bento boxes e todo mundo que vê fica enlouquecido (todo mundo normal, lógico; não falo dos zumbis acéfalos que infelizmente são o grupo demograficamente dominante por essas bandas).

O meu único problema é que a bolsa térmica tem o fundo estreito, e a burra aqui comprou só bentos largos, de modo que nem sempre o zíper fecha porque a bolsa fica meio inchada. Então pedi pra minha cunhada, que está nos EUA a trabalho até o final da semana, pra trazer essa bolsa aqui pra mim.

Sendo de neoprene, ela se ajusta às dimensões do conteúdo, e pelo menos teoricamente estica pra acomodar caixas mais largas. Vamos ver se vai funcionar com o meu maior bento, que uso frequentemente assim: no andar de baixo vai uma salada, no de cima a proteína, o carboidrato e as verduras e legumes.

Nos últimos dois domingos postei fotos dos meus bentos do dia no Facebook. Quem quiser vá dá uma olhada.